terça-feira, 23 de agosto de 2016

UMA AULA DE PORTUGUÊS: "MUÇARELA" OU "MOZARELA"? PARALIMPÍADA E PARALÍMPICO...VEJA O CORRETO!









Paraolimpíada
Algumas instituições e organizações resolvem mudar a escrita de palavras da Língua Portuguesa ao bel-prazer, sem levar em consideração sua etimologia nem as regras gramaticais. É o que aconteceu, por exemplo, com a palavra “muçarela” ou “mozarela”. Essas são as maneiras adequadas de se escrever a palavra cujo significado é “queijo napolitano de leite de búfala ou de vaca, geralmente de forma arredondada”.
Ocorre, porém, que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento instituiu a grafia “mussarela” pela Portaria 364/1997, admitindo-se, também, a grafia “mozarela”. Ambas constam do “Codex Alimentarius”, expressão latina que significa “código alimentar”.
O que leva essas instituições a praticarem tais mudanças? Dizem elas sempre que o intuito é o de se adaptarem a algo maior, como “recomendação internacional” ou “cristalização da palavra devido ao uso constante”. Já que a maioria escreve assim, assim passará a ser o adequado, mesmo que os dicionários e gramáticas ignorem tal atribuição. Desde 1997, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento quer que se escreva “mussarela”; os dicionários ignoram-no e mantêm as escritas “muçarela” e “mozarela”.
Agora vem o Comitê Paraolímpico Brasileiro querendo mudar a grafia das palavras “paraolimpíada” e “paraolímpico” para “paralimpíada” e “paralímpico”. Essas palavras – paraolimpíada e paraolímpico – se formam com a junção do prefixo grego “par(a)”, usado com a noção de, dentre outras, “semelhança”, e do substantivo “olimpíada” ou do adjetivo “olímpico” ou seja, são jogos semelhantes aos Jogos Olímpicos. O uso dos parênteses se deve ao fato de que o prefixo pode ser escrito de duas maneiras: “par” e “para”; aquele, quando o prefixo se une a palavra iniciada por “a”, como “paracetamol (par + acetamida + fenol); este, a todas as outras. Ao se juntarem, portanto, "par(a)" com olimpíada ou com olímpico, o "a" permanecerá, e o substantivo ou o adjetivo não sofrerão modificação alguma: paraolimpíada e paraolímpico.
É de praxe que o elemento seguinte ao prefixo “par(a)” seja íntegro, ou seja, inteiro, completo. Isso ocorre com outros prefixos e elementos de composição, como “soci(o)”, “sof(i/o)”, “surd(i)”, “acr(o)”, dentre inúmeros outros. Veja alguns exemplos: sociocultural, socioeconômico – que também pode ser escrito socieconômico, sociopolítico, sofisma, sofomania (querer mostrar-se sábio), surdimutismo (o mesmo que surdo-mudez), acrópole, paratireoide, etc.
Além disso, o dicionário Houaiss traz as regras quanto ao uso do par(a):
1) Liga-se par(a) sem hífen a elementos iniciados por “s” ou por “r”, que têm essas consoantes duplicadas (parassífilis, pararreumático);
2) Liga-se par(a) com hífen a elementos iniciados por “h” (para-hélio, para-história);
3) Liga-se par(a) sem hífen a elementos iniciados por vogal, EM QUE ELA É MANTIDA (paraeconômico, parainfluenza, paraolímpico).
Observe, então, que há uma regra para a formação de uma palavra com a junção de par(a) com outro elemento: se ele for iniciado por vogal, esta se mantém. Não há razão, portanto, de o Comitê Paraolímpico Brasileiro mudar a grafia de tais palavras.
Portanto, caros leitores, mesmo que algumas instituições ou organizações queiram mudar a grafia de certas palavras, estas mantêm a escrita original. O adequado ao padrão culto da língua é “muçarela” ou “mozarela”, “paraolimpíada” e “paraolímpico”.

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