quinta-feira, 6 de julho de 2017

BLOG HISTÓRIA : VOCÊ SABIA QUE HOUVE UMA GUERRA EM PORECATU NA DÉCADA DE 50??


Colaboração da Folha de Londrina,
 ao blog comunicandopararefletir!

Na Vila Progresso, perto de Centenário do Sul , teve auge de progresso, hoje os 500 moradores da pequena cidade tem vaga lembrança daqueles tempos de conflito. Importante centro comercial no início dos anos 1940, o então distrito que pertencia a Porecatu chegou a ter cerca de 30 mil habitantes. As ruas principais fervilhavam com lojas de confecções, médicos e dentistas, cinco mercearias, vários bares e açougues. Hoje, quase uma cidade fantasma.
O sorriso no rosto da dona de casa Maria Valderi, 60, só dura até o assunto proibido entrar em pauta: A Guerra de Porecatu. "Eu só falo sobre coisas boas", diz, com o semblante fechado. Na fala dela, é possível perceber que, após quase sete décadas, o ocorrido ainda é um tabu na região. A mãe dela, Inácia Leandro, 93, uma das moradoras que poderiam dar testemunho sobre o conflito, já não se lembra de nada.



Eis uma moradora da vila Abelícia Neves, 82. "Eu cheguei um pouco depois daquilo [confronto] que aconteceu aqui. Mas o povo contava que todo dia encontrava gente morta na redondeza", relata. Cozinheira de mão cheia, ela trabalhou 35 anos como merendeira na escola da vila.  A maioria das pessoas pouco se recorda do progresso, mas também não mais o anseia. "Eu só sinto falta do movimento, dos bailes, porque tinha mais gente aqui antes da mecanização nos canaviais. Mas não tenho do que reclamar, gosto dessa tranquilidade", avalia.
Porém do meio dos poucos moradores  um aceita falar sobre a guerrilha , lembrada como a Revolta do Quebra Milho: o aposentado Vanderlei Raimundo Ângelo, 62, conhecido como Nego. Filho do posseiro Tomé Ângelo, que morreu há mais de 30 anos, ele conta que ouvia histórias da guerra desde criança. "Meus pais vieram de Minas para trabalhar na terra aqui, mas depois de alguns anos foram ameaçados por jagunços das fazendas vizinhas. Era tiro pra todo lado, dizia ele", lembra. Hoje, com a documentação do terreno, ele acredita que o esforço dos posseiros valeu a pena. "As pessoas têm que dar valor nesta terra porque muita gente deu a vida para isso acontecer", considera.

A Vila Progresso, reduto dos posseiros resistentes, foi o primeiro alvo das forças governamentais, no dia 21 de junho de 1951. O duro golpe praticamente decretou o fim dos conflitos. Atrás do conservado campo de futebol da vila resistem alguns túmulos de um cemitério abandonado. Segundo Marcelo Oikawa, no livro "Porecatu: a guerrilha que os comunistas esqueceram", em 1953, mais da metade das covas da região era de pessoas assassinadas. Após os corpos serem removidos para o cemitério de Centenário do Sul, o espaço foi tomado pelas espadas-de-são-jorge. "Tem coisa que é melhor deixar no passado", comenta Maria Valderi.(C.F.)

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