sábado, 10 de fevereiro de 2018

A HISTÓRIA NOS MOSTRA QUE MINAS GERAIS JÁ TEVE PRAIA!











Já dizia o ditado: o sertão vai virar mar. Não sabemos dizer se o evento
profético realmente ocorrerá no futuro, mas um grupo de geólogos e
paleontólogos da USP e da Unesp confirmaram que, no passado,
uma enorme porção do interior do Brasil já foi coberta por
um mar raso. “Essa deve ter sido a última praia que
Minas Gerais teve”, brinca o geólogo Lucas Warren, da Unesp,
em entrevista à FAPESP.

A equipe liderada por Warren descobriu na região de Januária (MG) fósseis
da espéciecloudina incrustados em um paredão de rochas sedimentares. O
extinto animal, que media até três centímetros, foi um dos primeiros a
apresentar exoesqueleto, e viveu na Terra entre 550 e 542 milhões de
anos atrás. Seu hábitat era o solo de mares rasos – o que permite
concluir, quase com total certeza, que um braço de mar com
cerca de 10 metros de profundidade cobria o território naquele período.

A área faz parte do chamado Grupo Bambuí, formação sedimentária
da bacia do rio São Francisco que se estende por cerca de 300 mil
quilômetros, e abrange também Bahia, Goiás, Tocantins e Distrito
Federal. Outras evidências também foram encontradas pelos
paleontólogos. “Também achamos ao menos três fragmentos
atribuídos ao gênero Corumbella e rastros em rocha deixados
provavelmente por um animal de corpo mole”, ambos
indicativos da existência deste mar.

Há cerca de 550 milhões de anos, os continentes tinham uma
configuração muito diferente da atual. A América do Sul, a
África e a Antártida estavam unidas entre si em um
mega-continente chamado Gondwana, e os
pesquisadores acreditam que o braço de
mar tenha derivado de um antigo oceano
batizado de Clymene, que separava o
Gondwana da atual Amazônia. A
descoberta, publicada em um artigona revista Geology, é uma importante
peça para a difícil tarefa de montar o
quebra-cabeça de uma evolução
geológica que ocorreu há
centenas de milhões 
de anos.

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