Os
auditores fiscais londrinenses investigados pelo Grupo de Atuação
Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na Operação Publicano
teriam arrecadado cerca de R$ 2 milhões para a campanha de reeleição do
governador Beto Richa (PSDB), no ano passado. De acordo com fontes do
Ministério Público (MP), essa informação foi dada pelo ex-inspetor
regional de fiscalização da Receita Estadual em Londrina e, atualmente,
auditor fiscal, Luiz Antônio de Souza, que fez um acordo de delação
premiada.
Além
de Richa, dois candidatos a deputado estadual e um a deputado federal
teriam sido beneficiados pelo esquema, que consistia em sonegar impostos
de grandes devedores em troca de propina.
Em
entrevista exclusiva concedida ao JL e à RPC, o advogado Eduardo Duarte
Ferreira, que defende Souza, afirmou que a ordem para levantar dinheiro
para a campanha de Richa teriam vindo de Márcio de Albuquerque Lima,
que no ano passado ascendeu a inspetor-geral de fiscalização da Receita
Estadual.
Com
base no depoimento do cliente, Ferreira afirmou que, em fevereiro do
ano passado, Souza teria sido chamado por Lima para uma reunião. Ali
teria ficado estabelecida uma meta de arrecadar em torno de R$ 2 milhões
para a reeleição de Richa, dinheiro que seria enviado para um suposto
caixa 2 da campanha do tucano.
A
“meta” teria sido cumprida com três empresas que, assim como as demais
achacadas pelos auditores fiscais, tinham dívidas tributárias com o
Estado. Uma das empresas seria de Arapongas.
Relações
Conforme
o advogado, Lima falaria em nome de Luiz Abi Antoun, parente distante
do governador. Seria Antoun o responsável pela indicação de Lima,
primeiro para delegado da Receita Estadual em Londrina e depois para
inspetor-geral de fiscalização. “Segundo o relato, ele [Antoun] indicou o
Márcio Lima e houve uma briga fortíssima de bastidores para a
indicação”, declarou.
Divisórias
Segundo
Ferreira, Souza também teria pagado, do próprio bolso, a compra de
divisórias para o comitê de reeleição de Richa, em frente ao Terminal
Urbano, no centro de Londrina. A aquisição teria custado R$ 20 mil e a
nota fiscal teria sido feita em nome de Souza – o documento não foi
entregue ao MP até aqui.
Outro lado
A
reportagem da Gazeta do Povo procurou o governo do Paraná para comentar
as declarações que constariam da delação premiada de Souza. Mas quem se
manifestou foi a direção estadual do PSDB. A nota diz: “o PSDB-PR
refuta de forma veemente as declarações do Sr. Luiz Antonio de Souza.
Informa ainda que o Sr. Luiz Abi Antoun nunca tratou de arrecadação para
a campanha eleitoral. Essa tarefa foi de responsabilidade do Comitê
Financeiro, do qual o Sr. Luiz Abi Antoun nunca fez parte. O partido
ressalta ainda que todas as doações recebidas pelo partido na campanha
eleitoral de 2014 ocorreram dentro da legalidade, sendo registradas e
atestadas pelo Comitê Financeiro. As contas foram apresentadas e
aprovadas integralmente pela Justiça Eleitoral”.
A
Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) informou que se for comprovado o
envolvimento de servidores no caso, eles serão exonerados. “Temos o
maior interesse em punir, doa a quem doer”, afirmou o secretário Mauro
Ricardo Costa. A formação de um grupo de trabalho para acompanhar a
situação também foi proposta pela Sefa e pela Procuradoria-Geral.
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