sábado, 9 de janeiro de 2016

SAIBA QUE PERDOAR É UM BOM REMÉDIO...EXPERIMENTE FAZER ISTO?


PERDOAR  é  UM BOM  REMÉDIO - Selecções do Reader's Digest


Novas pesquisas revelam que o perdão pode curá-lo emocionalmente – e fisicamente.

LIA GRAINGER

DURANTE SEMANAS, KARSTEN MATHIASEN andara consumido pela raiva. Alguns meses antes, a mulher do diretor de circo dinamarquês tinha-o deixado para ir viver com outro homem. Consumido pelo ódio contra o novo amante da sua mulher, o homem de 40 anos passava as noites acordado, com um nó de dor a crescer-lhe no estômago, um turbilhão de pensamentos irados.
Começou a beber ao serão para conse­guir dormir.
Por fim, foi a preocupação com os seus dois filhos pequenos que persua­diu Karsten a encontrar-se com o ho­mem por quem sentia tanta raiva.
Quando os dois se encontraram num café de Copenhaga, Karsten soube que perdoaria ao novo parceiro da mulher. Em vez de um café, os dois homens to­maram muitos, falando durante horas.
No regresso a casa Karsten ficou espantado por descobrir que a ira e a tristeza tinham passado. Mas mais do que isso, sentia-se fisicamente bem – pela primeira vez em meses. Dormiu como um bebé nessa noite e acordou com uma mente limpa e um corpo des­contraído.
«Perdoar foi um grande presente que dei a mim próprio», diz Karsten.

PENSAMOS MUITAS VEZES no perdão como algo que fazemos por outra pes­soa, mas investigação recente mostra que isso não conta a história toda.
«Quando as pessoas se empenham no perdão, isso muda-lhes a fisiologia», diz o Dr. Robert Enright. Como funda­dor do International Forgiveness Insti­tute (Instituto Internacional do Perdão) e autor de The Forgiving Life 8 Keys to Forgiveness, Enright investiga há três décadas o poder do perdão.
«Perdoar ajuda-nos a libertar-nos do que eu chamo raiva tóxica», diz. «Do tipo que pode literalmente matar uma pessoa.»
Num estudo de 2009 publicado na re­vista Psychology and Health, Enright e a sua equipa examinaram o efeito de per­doar na saúde do coração de pacientes cardíacos. Descobriram que os sujei­tos que se tinham envolvido em atos de perdão experimentavam melhorias significativas na circulação cardíaca, mesmo quatro meses depois de o ato ter lugar.
Fisiologicamente estas descobertas fazem sentido. Quando pensamentos de ira e vingança nos invadem o cére­bro, ambas as metades do sistema ner­voso autónomo são ativadas ao mesmo tempo – o simpático, que nos estimula, e o parassimpático, que nos acalma. Pensemos no primeiro como o acele­rador de um automóvel e no segundo como o travão. O que aconteceria se acelerasse e travasse a fundo ao mesmo tempo? Seria uma viagem atribulada, e estas são mensagens mistas que cau­sam stress e que o coração e o corpo recebem quando se sente constante­mente ressentido.
E não é só o coração que pode ser curado. Um estudo de 2011 da Socie­dade de Medicina Comportamental mostrou que o perdão pode ajudar a aliviar a insónia, e um estudo condu­zido no Centro Médico da Universidade de Duke na Carolina do Norte, nos EUA, concluiu que o perdão pode for­talecer o sistema imunitário de pacien­tes com VIH. A cada ano que passa há uma nova investigação a revelar que o perdão pode ajudar a curar tudo, desde insónias até – talvez – cancro.
A vida de Rosalyn Boyce transfor­mou-se em 1999, depois de um ho­mem lhe ter entrado na sua casa, em Londres, e a ter violado enquanto a sua filha de dois anos dormia no quarto ao lado. Três semanas mais tarde, o assal­tante, um violador em série, foi captu­rado e condenado a três penas de pri­são perpétua.
Mas para Rosalyn o pesadelo es­tava longe de terminar. As memórias do ataque ocupavam-lhe constante­mente a cabeça e foi forçada a sair da sua casa de família para lhes escapar. Comer tornou-se impossível. Os mé­dicos diagnosticaram-lhe perturbação de stress pós-traumático e depressão reativa e receitaram-lhe Prozac e cal­mantes. Começou a beber uma garrafa de vinho todas as noites para bloquear os pensamentos.
À medida que a sua saúde mental e física se deteriorava, Rosalyn compre­endeu que teria de se curar. Através de terapia e estudo, Rosalyn descobriu que a única forma seria perdoar ao seu atacante.
«Para mim, perdoar significava que eu deixaria de sentir uma ligação ao meu violador e poderia libertar-me do crime», escreve Rosalyn. «Desde que escolhi entender o perdão desta forma, libertei-me de um peso imenso.»
Em julho de 2014, Rosalyn foi final­mente capaz de enfrentar o seu ata­cante em pessoa e perdoar-lhe cara a cara através de um programa de justiça regeneradora.
«Depois, eu fiquei eufórica», diz. «Já não penso na violação. Desapareceu numa nuvem de fumo.»


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