itterogle+CompaVocê já culpou o dinheiro pela maioria das desgraças do mundo? Eu já. Muitas pessoas pensam dessa forma. Durante muito tempo desejei não precisar de dinheiro. Nunca cheguei nem perto de conseguir isso. Afinal, o que eu poderia ter feito para excluir o dinheiro da minha vida, sem que me tornasse um miserável ou dependente da caridade alheia, o que, indiretamente, me ligaria novamente a ele?
A maturidade me fez perceber que o dinheiro não é uma praga espalhada pelo mundo, como muitos consideram. É um recurso que proporciona outras possibilidades. E nem todo mundo vende sua alma ao Diabo para tê-lo.

Na verdade, a maioria das pessoas estabelece uma relação conturbada com o dinheiro. A ganância, a corrupção, a violência e até mesmo o sentimento de frustração são problemas causados por essa relação. Não somos educados para estabelecer uma relação saudável com o dinheiro. Não aprendemos isso na escola e muitos de nós não aprendem em casa.
Minha filha já me perguntou várias vezes se dinheiro é sujo. Eu sempre digo a ela que é sujo porque passou em vários lugares antes de chegar às nossas mãos, mas não há problema em pegá-lo, depois é só lavar as mãos. Não quero que ela cresça com um sentimento de repúdio a algo que, em maior ou menor escala, estará presente em sua vida. O que quero ensiná-la é que o dinheiro deve ocupar seu devido lugar em nossas vidas e quanto menos dependemos dele, melhor. Não quero que ela condicione sua realização pessoal a riqueza financeira. Se os desejos dela forem caros, que ela encontre a melhor maneira de lidar com isso.
Raramente uma criança é instruída sobre o verdadeiro significado do dinheiro, sobre o que é possível ou não adquirir com recursos financeiros. Consequentemente, muitas crescem iludidas por pensarem que ter dinheiro é fator determinante para a felicidade e muitas outras frustradas, por viverem em razão do dinheiro e nunca se darem por satisfeitas.
Os valores que determinam quem é bem sucedido perante a sociedade estão inseridos fortemente na mentalidade da maioria das pessoas. A cultura da ostentação talvez seja um dos principais motivos de pobreza. A necessidade de demonstrar poder de compra, além de empobrecer, é somente uma fuga de uma realidade indesejada. Os ostentadores mentem para si mesmos.