Estamos na Quaresma. Embora o cuidado da vida de graça seja
crucial em cada instante da vida, a Quaresma é um período litúrgico
particularmente oportuno para revisarmos com mais profundidade a nossa
vida de graça e de união com Cristo.
Comecemos com a reflexão mais óbvia – e, por isso mesmo, tantas vezes descuidada: o que é o pecado?
O conceito de pecado é bastante simples: basicamente, o pecado é um
ato de egoísmo exagerado. Pecado é preferir a si mesmo e antepor-se a
Deus e aos outros, cedendo às paixões desordenadas que nos colocam no
centro da nossa própria existência e negando a nossa natureza que só se
completa quando se abre plenamente ao próximo e a Deus.
O pecado é a recusa a instaurar com Deus e com os outros uma relação de amor.
O pecado é um “converter-se às criaturas” e “rejeitar o Criador”.
Em geral, o pecador só deseja os prazeres proporcionados pelas
criaturas; ele não necessariamente quer rejeitar o Criador. No entanto,
ao se deixar seduzir por satisfações fugazes proporcionadas pelas
criaturas, o pecador sabe, implicitamente, que está agindo contra o amor
do Criador: ele sente que o prazer terreno não o preenche, mas, mesmo
assim, não resiste a ele. É por isso que o pecado fere o próprio
pecador, afastando-o da plenitude oferecida por Deus.
E é por isso que o pecado ofende a Deus: não porque Deus,
como tal, seja diminuído, mas porque nós próprios, ao pecar, nos
diminuímos diante da grandeza que Ele nos oferece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário