A
partir deste domingo, designa também a ligeireza truculenta a que pode
recorrer para opinar a respeito de um assunto sobre o qual está
escandalosamente desinformado. Foi o que fez ao investir contra a
reforma do ensino médio. Quando transformou pessoas com
deformidades físicas em atração. Depois reencontrou o eixo entre o
entretenimento e um papo sempre meio moralista sobre política, com
sotaque esquerdizante.
Neste domingo, logo depois de Diego Hypólito narrar as
agruras por que passou e sua autossuperação — reclamando que atleta não
tem aposentadoria (no Brasil, se a gente não toma cuidado, tudo termina
em teta… no mau sentido!) —, num papo chato pra caramba, o apresentador
resolveu opinar sobre a reforma no ensino médio nestes termos:
“A educação física, os caras iam tirar. Essa porra desse governo nem começou, não sabe se comunicar e já faz a reforma sem consultar ninguém. Então, o país que mais precisa de educação faz uma reforma com cinco gatos-pingados que não entendem porra nenhuma, que não consultam ninguém e aí, de repente, tiram a educação física, que é fundamental na formação do cidadão. Aí, quando você percebe, um país como esse, que tem uma saúde de quinta [categoria], não tem segurança, não tem emprego, não tem respeito a profissões básicas. O país que não respeita professor, pessoal da polícia e pessoal da área de saúde é um país que não oferece o mínimo aos seus cidadãos”.
“A educação física, os caras iam tirar. Essa porra desse governo nem começou, não sabe se comunicar e já faz a reforma sem consultar ninguém. Então, o país que mais precisa de educação faz uma reforma com cinco gatos-pingados que não entendem porra nenhuma, que não consultam ninguém e aí, de repente, tiram a educação física, que é fundamental na formação do cidadão. Aí, quando você percebe, um país como esse, que tem uma saúde de quinta [categoria], não tem segurança, não tem emprego, não tem respeito a profissões básicas. O país que não respeita professor, pessoal da polícia e pessoal da área de saúde é um país que não oferece o mínimo aos seus cidadãos”.
Vamos lá
Comecemos pelo óbvio. Quem não sabe porra nenhuma da reforma é Faustão. Opinar é coisa séria. Não basta dar uma de zagueiro de fazenda. Especialmente quando está falando a milhões de pessoas. Poderia observar que Faustão jamais se referiu às gestões petistas como “essa porra desse governo”. E olhem que aquela porra daquele governo:
– quebrou o país;
– quebrou a Petrobras;
– elevou a dívida pública a um patamar insuportável;
– produziu 12 milhões de desempregados;
– rebaixou a segurança e a saúde a patamares inéditos;
– roubou e espoliou os pobres, como resta provado.
Comecemos pelo óbvio. Quem não sabe porra nenhuma da reforma é Faustão. Opinar é coisa séria. Não basta dar uma de zagueiro de fazenda. Especialmente quando está falando a milhões de pessoas. Poderia observar que Faustão jamais se referiu às gestões petistas como “essa porra desse governo”. E olhem que aquela porra daquele governo:
– quebrou o país;
– quebrou a Petrobras;
– elevou a dívida pública a um patamar insuportável;
– produziu 12 milhões de desempregados;
– rebaixou a segurança e a saúde a patamares inéditos;
– roubou e espoliou os pobres, como resta provado.
Eu não teria
grande dificuldade, caso a tanto me dedicasse, de demonstrar que, se
Fausto Silva não foi exatamente um estafeta daquele regime, foi um seu
aliado objetivo durante boa parte do tempo. “Porra de governo”? Ele mal
começou, ocupado que está ainda em desarmar as bombas que herdou. Mas
não quero me ater a isso.
É claro que Fausto Silva não leu a proposta e ignora o debate. Está repetindo a bobajada que circula entre os grupelhos das redes sociais. Vamos ver.
1: O governo
não decidiu quais disciplinas ficam e quais saem da grade. Isso será
definido com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A previsão é que
ocorra no primeiro semestre de 2017. E já estamos muito atrasados nisso;
2: se Fausto Silva entrar no Google para consultar a Constituição de 1988 — SIM, FAUSTO, ELA JÁ VAI COMPLETAR 30 ANOS —, encontrará lá o caput do Artigo 210, em que se lê:
“Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”;
3: ao longo de quase três décadas, isso não saiu do papel; um dos empecilhos está no corporativismo e no assembleísmo dos esquerdistas de meia-tigela aos quais, tudo indica, Fausto deu ouvidos;
4: é mentira que o a proposta tenha ouvido só alguns gatos-pingados. A MP repete boa parte do conteúdo da Lei 6.840, que está sendo debatida na Câmara desde 2013;
5: a MP não definiu que disciplinas vão desaparecer, mas quais serão fixas nos três anos: português, matemática e inglês;
6: nos primeiros 18 meses, os alunos do Brasil inteiro terão o mesmo número de disciplinas — definidas pela BNCC; nos 18 meses finais, poderão eles próprios compor a grade, segundo seus interesses;
7: implementado adequadamente — e o desafio é hercúleo —, ter-se-á ensino considerado integral: pelo menos sete horas diárias;
8: abre-se a possibilidade de conciliar a capacitação técnica com o ensino de segundo grau.
2: se Fausto Silva entrar no Google para consultar a Constituição de 1988 — SIM, FAUSTO, ELA JÁ VAI COMPLETAR 30 ANOS —, encontrará lá o caput do Artigo 210, em que se lê:
“Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”;
3: ao longo de quase três décadas, isso não saiu do papel; um dos empecilhos está no corporativismo e no assembleísmo dos esquerdistas de meia-tigela aos quais, tudo indica, Fausto deu ouvidos;
4: é mentira que o a proposta tenha ouvido só alguns gatos-pingados. A MP repete boa parte do conteúdo da Lei 6.840, que está sendo debatida na Câmara desde 2013;
5: a MP não definiu que disciplinas vão desaparecer, mas quais serão fixas nos três anos: português, matemática e inglês;
6: nos primeiros 18 meses, os alunos do Brasil inteiro terão o mesmo número de disciplinas — definidas pela BNCC; nos 18 meses finais, poderão eles próprios compor a grade, segundo seus interesses;
7: implementado adequadamente — e o desafio é hercúleo —, ter-se-á ensino considerado integral: pelo menos sete horas diárias;
8: abre-se a possibilidade de conciliar a capacitação técnica com o ensino de segundo grau.
Notem: o que
a MP faz é apenas dar o primeiro passo, para romper o marasmo. Muita
energia terá de ser dispensada para fazer esse modelo funcionar. Seus
fundamentos estão absolutamente corretos: aumentar a arbitragem do
aluno; aproximar o ensino médio da vida real; manter o estudante mais
tempo na escola; criar as condições para a implementação da BNCC;
combater a evasão escolar.
Isso é bom
para os brasileiros e é especialmente positivo para os alunos mais
pobres, que frequentam a escola pública, uma vez que as melhores
instituições privadas há muito fizeram adaptações para que a camisa de
força da lei em vigor não as impeça de oferecer uma formação melhor a
seus clientes.
A crítica de
Fausto Silva é desinformada, obscurantista, grosseira e, obviamente,
despropositada porque vazada numa linguagem incompatível com o debate,
impedindo o lado atacado de se defender.
“Ah, o
governo se comunica mal…”, ele diz. Pode até ser. Mas não há comunicação
eficiente quando se enfrentam a desinformação e a truculência. De
resto, nada impede Fausto Silva de se informar antes de disparar os seus
petardos. Ou de recorrer a um trabalho competente de produção que possa
municiá-lo com os dados corretos. Ele tem condições para isso.
É claro que
Fausto Silva tem a liberdade de dizer o que quiser. Mas também tem de se
desculpar quando passa uma informação inverídica a milhões de
brasileiros.
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