Paulo Briguet
Escritor e jornalista. Mora desde 1989 em Londrina. Trabalhou em diversos jornais, revistas e assessorias. Assina a coluna diária Avenida Paraná, na Folha de Londrina. Autor dos livros de crônicas "Diário de Moby Dick" (em parceria com o pai, Paulo Lourenço), "Repórter das Coisas" e "Aos Meus Sete Leitores". Casado com a jornalista Rosângela Vale, pai do Pedro, paulistano de certidão, pé-vermelho de coração. Conservador em política, liberal em economia, católico em religião. Em suma, um cronista em busca dos seus sete leitores.
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Hoje, peço permissão ao ilustre Jornalista Paulo Briguet, de transcrever este artigo sobre a UEL,
pois funcionário da instituição e por lá me aposentei. Tenho gratas lembranças do campus universitário, lindamente florido e um local bem cuidado pelos antigos funcionários.
28/07/2017
AVENIDA PARANÁ
Triste visita ao campus
Uma amiga volta à universidade em que viveu tempos felizes. E conta o que viu
Shutterstock
"Paulo, meu amigo. Hoje quero lhe falar sobre algo que me deixou muito triste.
Depois de muitos anos trabalhando e morando fora da cidade, resolvi fazer uma visita ao campus. Uma professora amiga me convidou para tomar um café e conhecer a atual situação da universidade. Aceitei o convite com alegria, pois estava com saudade daquele lugar em que vivi tantos momentos felizes. Sei que você também viveu dias inesquecíveis ali.
Assim que pus os pés no campus, senti vontade de chorar. A visão é desoladora: parece um lugar abandonado por todos. Fiquei chocada com tudo que vi.
No meu tempo de faculdade — lá se vão 20 anos —, o campus parecia um oásis, um lugar abençoado por Deus. A gente percebia a olhos vistos, por exemplo, o cuidado com a jardinagem, as flores, as árvores, a grama. Tantas vezes a visão dos gramados da universidade me consolou e acalmou nos momentos difíceis. Sim, porque havia dificuldades. A universidade sofria com falta de recursos, havia greves e problemas estruturais. Mas existia um cuidado, um afeto, um amor por tudo aquilo. Infelizmente, parece que esse amor se perdeu em grande parte.
Eu vi o que não me lembro de ter visto nunca: mato alto, lixo por todos os cantos, ambientes sujos ou depredados. E as pessoas? Também as vi. Mas elas parecem funcionar ‘no automático’, como se estivessem cegas e alheias a tanto abandono.
Entrei em um laboratório que frequentava na época de estudante. Ninguém tomou conhecimento da minha presença. Nos dois anos em que estudei ali, o laboratório era de uma organização impecável, dava gosto de ver. Agora eu vi computadores velhos jogados em um canto, caixas empoeiradas, janelas sem manutenção, a sujeira tomando conta, os materiais de estudo colocados de qualquer jeito.
Na parede, havia cartazes de aviso há muito defasados, amarelecidos. A impressão é que ninguém está nem aí.
Depois, andando pelos corredores do centro de estudos, encontrei os velhos bancos de madeira que existiam no meu tempo. São os mesmos, só que agora estão completamente destruídos. Será que os professores e alunos percebem o que está acontecendo, ou já se acostumaram? Talvez os mais novos já tenham encontrado tudo do jeito que está, mas acreditem: antes não era assim!
As ruas, em alguns lugares, estão impraticáveis, parecem uma paisagem lunar, cheia de crateras. A agência bancária, segundo vi no noticiário, foi assaltada há pouco tempo. E o calçadão? Imagino como deve ser aquilo à noite. Já me relataram casos de furtos, roubos, assaltos e até violência sexual no campus. Não duvido, porque o cenário para os crimes está montado.
Não sei qual é a solução. Não sei como a universidade pode voltar a ser o que era antes. Mas tenho um grande amor e um grande orgulho por ela e por nossa cidade. Talvez a saída esteja em procurar o apoio das pessoas. Acho que só a cidade pode salvar a universidade."
por Paulo Briguet
28/07/2017
AVENIDA PARANÁ
Triste visita ao campus
Uma amiga volta à universidade em que viveu tempos felizes. E conta o que viu
Shutterstock
"Paulo, meu amigo. Hoje quero lhe falar sobre algo que me deixou muito triste.
Depois de muitos anos trabalhando e morando fora da cidade, resolvi fazer uma visita ao campus. Uma professora amiga me convidou para tomar um café e conhecer a atual situação da universidade. Aceitei o convite com alegria, pois estava com saudade daquele lugar em que vivi tantos momentos felizes. Sei que você também viveu dias inesquecíveis ali.
Assim que pus os pés no campus, senti vontade de chorar. A visão é desoladora: parece um lugar abandonado por todos. Fiquei chocada com tudo que vi.
No meu tempo de faculdade — lá se vão 20 anos —, o campus parecia um oásis, um lugar abençoado por Deus. A gente percebia a olhos vistos, por exemplo, o cuidado com a jardinagem, as flores, as árvores, a grama. Tantas vezes a visão dos gramados da universidade me consolou e acalmou nos momentos difíceis. Sim, porque havia dificuldades. A universidade sofria com falta de recursos, havia greves e problemas estruturais. Mas existia um cuidado, um afeto, um amor por tudo aquilo. Infelizmente, parece que esse amor se perdeu em grande parte.
Eu vi o que não me lembro de ter visto nunca: mato alto, lixo por todos os cantos, ambientes sujos ou depredados. E as pessoas? Também as vi. Mas elas parecem funcionar ‘no automático’, como se estivessem cegas e alheias a tanto abandono.
Entrei em um laboratório que frequentava na época de estudante. Ninguém tomou conhecimento da minha presença. Nos dois anos em que estudei ali, o laboratório era de uma organização impecável, dava gosto de ver. Agora eu vi computadores velhos jogados em um canto, caixas empoeiradas, janelas sem manutenção, a sujeira tomando conta, os materiais de estudo colocados de qualquer jeito.
Na parede, havia cartazes de aviso há muito defasados, amarelecidos. A impressão é que ninguém está nem aí.
Depois, andando pelos corredores do centro de estudos, encontrei os velhos bancos de madeira que existiam no meu tempo. São os mesmos, só que agora estão completamente destruídos. Será que os professores e alunos percebem o que está acontecendo, ou já se acostumaram? Talvez os mais novos já tenham encontrado tudo do jeito que está, mas acreditem: antes não era assim!
As ruas, em alguns lugares, estão impraticáveis, parecem uma paisagem lunar, cheia de crateras. A agência bancária, segundo vi no noticiário, foi assaltada há pouco tempo. E o calçadão? Imagino como deve ser aquilo à noite. Já me relataram casos de furtos, roubos, assaltos e até violência sexual no campus. Não duvido, porque o cenário para os crimes está montado.
Não sei qual é a solução. Não sei como a universidade pode voltar a ser o que era antes. Mas tenho um grande amor e um grande orgulho por ela e por nossa cidade. Talvez a saída esteja em procurar o apoio das pessoas. Acho que só a cidade pode salvar a universidade."
por Paulo Briguet
... É a realidade, trabalhava no centro, algum tempo atrás, visitei o Colégio de Aplicação, onde passei boa parte da minha vida. Tínhamos muito amor pelo sistema de ensino, as mesmas coisas velhas daquele tempo continuam dando um aspecto feio ao prédio. Parece que se cuidava melhor de tudo que representava UEL. Que pena!!!
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