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Roberto Custódio-Folha de Londrina
Desaparecimento dos macacos pode estar ligado à maior oferta de alimentos no Parque nesta época do ano.
Os macacos deixaram de frequentar as casas vizinhas ao Parque Arthur Thomas, na zona sul de Londrina. Os primatas não são vistos há vários meses. A presença dos animais, que já foi motivo de reclamação no passado, devido ao transtorno, hoje gera preocupação em parte da comunidade. O sumiço deixa algumas pessoas em alerta. Apesar de ainda não haver notícia sobre surto de febre amarela no município - como nas regiões sudeste e nordeste do país - por precaução, até a visita ao parque está sendo adiada por família da região.
De acordo com o Ministério da Saúde, macacos não são transmissores de febre amarela. A identificação de infecções nesses animais pode apoiar ações de prevenção da doença em humanos. Os macacos são vulneráveis ao vírus, a detecção de infecções ainda pode representar um alerta às autoridades quanto à incidência de febre amarela em ambientes silvestres.
A costureira Mércia Bidoia, que mora no Residencial Cambezinho, em frente ao Arthur Thomas, é uma das que sentem falta dos macaquinhos. "Eles apareciam sempre em bandos. Já faz pelo menos quatro meses que sumiram. Sentimos muita falta, apesar da bagunça que faziam de vez em quando, os macaquinhos divertiam os moradores", diz a costureira.
O sumiço dos primatas chama a atenção. "Sabemos que eles não são transmissores. Pelo que escutamos na mídia, a morte dos animais seria um alerta para os humanos em relação à febre amarela", comenta ela. "Moro aqui há três anos, com o marido e dois filhos, e nunca tivemos qualquer infecção ou alergia por causa dos macacos. Não temos qualquer complexo por conta disso. Nunca nos ofereceram riscos, nem para as crianças, nem para os mais velhos", reforça.
Sem visitas - Por precaução, até a visita ao Parque Arthur Thomas está sendo adiada por moradores. "Vivemos aqui há 14 anos, nunca tivemos qualquer problema com os bichos. Acredito que o desaparecimento dos macacos é sazonal, ocorre todos os anos. Talvez estejam encontrando alimentos no interior do parque, e por isso não aparecem", avalia a professora Giane Ezechia.
"Mesmo assim estamos em alerta. Meus filhos, no período de férias, pedem para passear no parque. Não há registros na região de febre amarela, mas evitamos qualquer contato. Não arriscaremos por enquanto", admite a moradora.
Desaparecimento pode ser sazonal, diz técnico
Na última semana, foi fechado o Zoológico de São Paulo, o Zoo Safári, após confirmar a morte de um macaco por febre amarela. Bruno de Camargo Mendes, da diretoria técnica da Sema (Secretaria Municipal do meio Ambiente), diz que mortes recentes de animais no Parque Arthur Thomas foram registradas. "Na verdade, ocorreu uma mortandade de animais do parque nos últimos meses. Porém nenhuma redução drástica. Atualmente há cerca 140 animais da espécie macaco-prego", explica Mendes. "Foram coletamos amostras desses animais e encaminhadas para exames na capital do Estado. Porém nenhuma doença que pudesse desenvolver epidemias foi diagnosticada. Além da Sema, a saúde dos macacos do parque também é monitorada pelo setor de veterinária da UEL (Universidade Estadual de Londrina)", afirma ele.
O desaparecimento pode estar ligado ao oferecimento de alimentos dentro do parque e até mesmo à ação do homem. "O desaparecimento pode estar ligado, ainda, à captura de macacos por parte de criadores clandestinos", detalha. "Além disso, nesta época do ano, o contato entre os macacos do parque com a comunidade da região diminui. O desaparecimento pode estar ligado ao momento de proliferação de insetos, que são seus alimentos, no interior da mata. Isso desestimula os macacos a procurarem comida fora do parque. Os animais procuram comida além do parque no período de estiagem e voltam a ter contato com humanos", conclui.
Paulo Monteiro
Grupo FOLHA-
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