sábado, 29 de outubro de 2022

VOCÊ ASSISTIU NO CINEMA ... E O VENTO LEVOU?

 


Quase quatro horas. Precisamente, três horas e cinqüenta e oito minutos. E durante todo esse tempo assistimos numa boa a saga de Scarlett O’Hara, uma das personagens mais lembradas da história do cinema.


                                          ...E o Vento Levou é um filme que todo mundo já viu um pedaço. 
Na minha adolescência via trechos, porque passava na tv tarde da noite e sempre
caía no sono. Um dia cismei que ia ver todo. Achei cansativo e não dei importância 
a um filme interminável com forte teor racista e uma história ‘nada demais’.
Grande erro. Fiquei em casa e coloquei o filme. Era o sul dos Estados Unidos com
os brancos ricos de grandes terras, famílias tradicionais, escravidão e racismo. 
Chegou a Guerra da Secessão e os ianques invadiram o sul, unificando o país, 
passado e devastação o que era a vida cotidiana dos que moravam ali. Scarlett 
descobriu a fome, a pobreza, a família destruída pela guerra e com isso, nos
 diz: Jamais passarei fome novamente.

Mas, além de toda a trama épica, este é um filme de amor. Scarlett, amava 
além de sua terra, sua casa Tara, amava o homem que não poderia ter,
que havia noivado a benevolente Melanie. Estas duas mulheres passam a 
maior parte da vida juntas por necessidade e tornam-se amigas. Scarlett então 
conhece Rhett - interpretado pelo galã Clark Gable - e, ao contrário do esperado,
sente por ele um incômodo pela semelhança na falha de caráter dos dois.  

Os anos se passam e Scarlett, agora uma mulher poderosa, casa-se com o
‘mocinho’ da história. A moral do casal os une como as duras palavras que
 trocam durante todo o filme. Se Rhett é um homem apaixonado, é também
 capaz de dizer a Scarlett que não adianta querer o homem dos outros, que
 nunca será dela, senão um peso no coração.

A trama segue sempre num crescente e para mim, que não lembrava da história
em detalhes, foi quase como a primeira vez. Revemos cenas emblemáticas que 
hoje fazem parte do imaginário coletivo cinematográfico. É aqui que está o pôr
-do-sol da frase que já citei ou aquela em que ouvimos de Scarlett se reerguendo
mais uma vez, afinal, amanhã será um outro dia. Há sempre uma obstinação,
 uma certeza de que como o sol tornará a brilhar, nossa protagonista vencerá mais
 uma batalha. E Vivien Leigh, que era uma atriz inglesa em ascensão, com esse
 filme tornou-se uma das mais importantes de seu tempo. Ela vive sua 
personagem de tal forma que acreditamos sem pestanejar e não há um só
 momento de hesitação em seus atos, em sua fala, no olhar.

Além de toda a grandiosidade da obra, há uma imensa estrutura de produção por 
trás. Era a época dos grandes estúdios, das grandes estrelas, que fundaram o 
star system da Hollywood que conhecemos hoje. Este é um filme de produtor, 
que contratou vários diretores, roteiristas e foi criando uma equipe diversa,
 imensa, desde que cumprisse com suas exigências para o que ele imaginava
 que deveria ser o filme, além de ser mais uma experiência com o recente 
cinema colorido, o technicolor. Foi o produtor, David O. Selznick, que
 acompanhou toda a montagem sem a interferência dos diretores. Tanto
 trabalho sob mão de ferro rendeu 8 dos 12 Oscars a que o filme foi indicado.

...E o vento levou não deve ser visto antes de dormir. É de fato um filme longo, 
mas que merece atenção; são histórias dentro de uma grande história, com 
muitas nuances e cujos detalhes, personagens, diálogos e tramas são 
enriquecidos com uma trilha sonora inesquecível. É um filme grandioso e 
complexo, que tem que ser visto como um filme épico e de uma época e que
 se sustenta como só os clássicos conseguem, sem mofar com o tempo ou 
perder a majestade.


Nenhum comentário:

Postar um comentário