"No hipermercado dois caras batem os respectivos carrinhos de compras. Ambos se desculpam e um deles fala ao outro: — Desculpe, me distraí porque estava procurando minha mulher! — Que coincidência! Também estou procurando a minha! — Como é a sua mulher? — Ela é loura, alta, olhos azuis, pernas bem torneadas . Usa um vestido vermelho justinho, decotado e bem curto. — E a sua como é?
— Que se lixe a minha. Vamos procurar a sua!!!"
Nessa piada, podemos depreender que o ato humorístico gira em torno do tema beleza feminina, apresentando o imaginário ocidental de padrão de mulher bela, ou seja, a Helena dos tempos modernos com suas formas perfeitas e roupas sensuais. Na contramão desse modelo de beleza, um outro é apresentado de forma silenciosa por meio da técnica alusão, caracterizada pela omissão da descrição da segunda esposa. Complementando essa omissão, outra técnica presente no enunciado “... que se lixe a minha” evidencia um rearranjo no curso do raciocínio (procurar minha esposa; a sua é bonita; a minha é feia; vou ser humilhado; não vamos mais procurar a minha, mas a sua) de modo a evitar uma retaliação e, assim, usa-se uma réplica direta. Ou seja, apesar de o texto se manter dentro de uma mesma isotopia, há um contra-argumentação a respeito de normas sociais – aqui falamos de padrões de beleza – que são impostos e que se excluem mutuamente. Todavia, como se vê, é esse discurso silenciado que fornece subsídios para a criação e para a manutenção da contra-argumentação dentro da piada.
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