quarta-feira, 5 de julho de 2017

BLOG HISTÓRIA: OS IDOSOS DA ANTIGUIDADE ERAM MAIS SÁBIOS?

            




         Nos mais longínquos tempos , a história nos mostra que entre os gregos e durante todo o período helenista, havia uma relação muito íntima entre a sabedoria e a velhice. 
Aquilo que hoje chamamos de terceira idade sempre esteve, no passado, associado à sabedoria. Os velhos eram aqueles capazes e responsáveis por adquiri-la e transmiti-la. Não necessariamente a sabedoria de filósofos, como Sócrates, Epicuro ou Sêneca, mas pelo menos certo conhecimento de si, da natureza e da vida pública, capaz de proporcionar algum bem-estar, fosse individual ou coletivo.                  Ser mais velho era ser mais sábio. Não é por acaso que, no chinês antigo, uma mesma palavra era utilizada para designar o sábio e o velho, algo do que nos dá exemplo o nome do autor do Tao te king, Lao Tze, O Velho Sábio. A velhice representava de algum modo a possibilidade de acúmulo de experiência e aprendizado de vida. Atualmente, o mundo está cada vez mais velho, dizem as estatísticas sobre crescimento populacional. 
          O mundo será provavelmente mais velho no futuro. A faixa etária que mais cresce é a da população idosa acima de sessenta anos. Tanto no Brasil quanto na maior parte do planeta (particularmente nos países desenvolvidos), esse é o grupo humano que mais aumenta. E, no entanto, não podemos esperar um mundo mais sábio, ou pelo menos um mundo onde haverá mais pessoas dotadas de certa sabedoria. O antigo laço que unia velhice e sabedoria parece estar quase completamente desfeito em nossa época. O que quer que seja a sabedoria, há pelo menos uma característica que a define: é a busca da melhor maneira possível de viver. Schopenhauer, por exemplo, dizia que a sabedoria é “a arte de conduzir a vida da maneira mais agradável e feliz possível”. Mas os idosos do nosso tempo estão vivendo pior. 
         Eles são atualmente afetados por problemas sociais que praticamente os impedem de vislumbrar, buscar e exercer qualquer forma de sabedoria. Se houve, na Antiguidade — e estamos falando aqui de um tempo anterior à Idade Média —, uma relação clara entre idade avançada e sabedoria, não foi porque as sociedades antigas eram “mais sábias” do que a nossa, ou simplesmente porque as condições sociais e políticas eram mais propícias a fazer com que pessoas mais velhas fossem também mais sábias. 
               Para além dos contextos de cada época ou de cada povo, parece haver uma relação mais forte, mais íntima, entre uma coisa e outra: a sabedoria parece ser própria da idade adulta madura; ela parece ser uma condição que é mais facilmente adquirida com a maturidade. 

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