Nos mais longínquos tempos , a história nos mostra que entre os gregos e durante todo o
período helenista, havia uma relação muito íntima entre a sabedoria
e a velhice.
Aquilo que hoje chamamos de terceira idade sempre
esteve, no passado, associado à sabedoria. Os velhos eram aqueles capazes e responsáveis por adquiri-la e transmiti-la. Não necessariamente a sabedoria
de filósofos, como Sócrates, Epicuro ou Sêneca, mas pelo menos certo conhecimento
de si, da natureza e da vida pública, capaz de proporcionar algum
bem-estar, fosse individual ou coletivo. Ser mais velho era ser mais sábio.
Não é por acaso que, no chinês antigo, uma mesma palavra era utilizada para
designar o sábio e o velho, algo do que nos dá exemplo o nome do autor do
Tao te king, Lao Tze, O Velho Sábio. A velhice representava de algum modo
a possibilidade de acúmulo de experiência e aprendizado de vida.
Atualmente, o mundo está cada vez mais velho, dizem as estatísticas
sobre crescimento populacional.
O mundo será provavelmente mais velho
no futuro. A faixa etária que mais cresce é a da população idosa acima de
sessenta anos. Tanto no Brasil quanto na maior parte do planeta (particularmente
nos países desenvolvidos), esse é o grupo humano que mais aumenta.
E, no entanto, não podemos esperar um mundo mais sábio, ou pelo menos
um mundo onde haverá mais pessoas dotadas de certa sabedoria. O antigo
laço que unia velhice e sabedoria parece estar quase completamente desfeito
em nossa época. O que quer que seja a sabedoria, há pelo menos uma
característica que a define: é a busca da melhor maneira possível de viver.
Schopenhauer, por exemplo, dizia que a sabedoria é “a arte de conduzir a
vida da maneira mais agradável e feliz possível”. Mas os idosos
do nosso tempo estão vivendo pior.
Eles são atualmente afetados por problemas
sociais que praticamente os impedem de vislumbrar, buscar e exercer
qualquer forma de sabedoria.
Se houve, na Antiguidade — e estamos falando aqui de um tempo
anterior à Idade Média —, uma relação clara entre idade avançada e sabedoria,
não foi porque as sociedades antigas eram “mais sábias” do que a
nossa, ou simplesmente porque as condições sociais e políticas eram mais
propícias a fazer com que pessoas mais velhas fossem também mais sábias.
Para além dos contextos de cada época ou de cada povo, parece haver uma
relação mais forte, mais íntima, entre uma coisa e outra: a sabedoria parece
ser própria da idade adulta madura; ela parece ser uma condição que é mais
facilmente adquirida com a maturidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário