Caixas, sacos plásticos, restos de alimento e de construção conferem aspecto degredado ao coração da cidade
Manter a cidade livre do estigma do lixo sem controle parece uma tarefa cada vez mais distante para a prefeitura e um desafio para uma Londrina com contas públicas apertadas, limpeza urbana limitada e falta de soluções criativas para a crescente ausência de colaboração da população.
Hoje, a identidade que une o Calçadão de Londrina, as avenidas Rio de Janeiro e São Paulo, e as ruas Sergipe, João Cândido, São Paulo, Piauí, Pernambuco e Minas Gerais, é o lixo sem controle. Resíduos espalhados por todos os lados, de todas as formas, impedem que Londrina tenha, um dia, territórios livres da degradação urbana.
O resultado do lixo, do descontrole e da má educação é uma quantidade infindável de resíduos espalhados pelo centro. Em vão, o esforço de apenas 40 varredores da Companhia Municipal de trânsito e Urbanização (CMTU): todos os dias, menos sábados e domingos, os trabalhadores limpam 30 ruas do centro (Londrina tem mais de 5 mil). O serviço, de pouco alcance prático, consome R$ 139.659,52 por mês dos cofres da cidade e exibe a fragilidade do poder público em alcançar os problemas na velocidade em que ocorrem.
No fim de semana, com o comércio fechado e pouca gente no centro, a profusão de resíduos espalhados ficou mais evidente. Como no sábado de feriado a coleta de lixo não operou, o centro de Londrina virou um rasgo de sujeira por todos os lados.
No cruzamento do Calçadão com a Avenida Rio de Janeiro, lojas jogaram uma montanha de resíduos recicláveis e caixotes de madeira na esquina. Para contribuir, moradores misturaram lixo doméstico à pilha.
Abismado, o ex-motorista Edson Dyni, diante de caixas de resíduos com etiquetas de lojas e até endereços do Calçadão se pergunta: “Como não é fácil dar jeito nisso? É só ir em cada loja e dar uma multa”, diz. “Londrina vai virar São Paulo com lixo dominando os espaços da cidade. Não deviam deixar”.
Na porta do edifício Autolon, em pleno Calçadão, um monte de papéis, copos, plásticos e garrafas parece anunciar o fim de uma festa – que não foi lá. A festa verdadeira, um festival de música na Concha Acústica realizado na sexta-feira, também deixou um rastro de copos e garrafas de bebida em meio a bitucas no chão: “Festaram e deixaram a herança aí”, aponta o aposentado Rubens Cândido Vasconcelos, morador em frente à Concha.
Na Rua Sergipe, enquanto uma venda de eletrodomésticos estende tapetes de papel no passeio público, uma revenda de celular prega as promoções no chão. Perto, na rua Sergipe, um espetáculo de descontrole: redemoinhos de vento fazem um “balé” com o lixo esvoaçante. É o mesmo visual da Rua Benjamin Constant, onde as promoções são anunciadas com papel picado na calçada.
Ontem, o diretor de operações da CMTU, Gilmar Domingues, não foi localizado para se posicionar sobre o tema.
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