quarta-feira, 6 de novembro de 2013

PARANÁ É UM DOS ESTADOS QUE MAIS MATAM EM CONFRONTO COM BANDIDOS


Reportagem da Folha de Londrina

06/11/13



O anuário mostra ainda que, deste número, 89 policiais morreram no País. Do total de mortes, o Paraná é líder absoluto, com 23 mortes – 21 militares e 2 civis -, resultando numa taxa de 1,3. O Rio de Janeiro aparece em segundo lugar, com 17 mortes no total, e uma taxa de 0,3. 

Para o sociólogo Pedro Bodê, do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o estudo mostra que "uma polícia que mata muito também morre muito". "As taxas de mortes, incluindo os homicídios, são inaceitáveis. Os altos números só reforçam que o modelo de justiça e polícia estão falidos", resumiu o professor. 
Quando comparado a outros países, como EUA e Reino Unido, em que 410 e 15 pessoas morreram vítimas de confronto, respectivamente, sendo 95 e 10 policiais (ver infográfico), de acordo com Bodê, é perceptível a decadência desse sistema no Brasil. "O reflexo é a desconfiança da população na polícia relatada na mesma pesquisa", analisou. 
Segundo o Índice de Confiança na Justiça Brasileira (ICJBrasil), realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para integrar o anuário, 70,1% da população brasileira não confiam no trabalho das diversas polícias no País, 8,6 pontos porcentuais acima do registrado no primeiro semestre de 2012. Nos países desenvolvidos, a avaliação é diferente: nos Estados Unidos, 88% dos cidadãos confiam na polícia e na Inglaterra, a provação é de 82%. 
Para o sociólogo, a postura da polícia está baseada na conivência em solucionar "o problema" pela morte, amenizando o ato quando o indivíduo possui uma passagem policial. "Isso também é percebido em uma parte da população contaminada, que concorda com essa medida. Mas isso não deve ser justificativa, pois só aumenta a violência geral. Temos exemplos de vários países em que o índice de tráfico de drogas ou envolvimento com a criminalidade é grande e nem por isso a taxa de mortes é alta." Portanto, para Bodê, diante do aumento de mortes cometidas por policiais, ao mesmo tempo em que houve aumento de investimentos na segurança, faz-se urgente a reestruturação do modelo de justiça e policial no Brasil como medidas de médio e longo prazo. 


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