Participar das atividades com os mais jovens transformam os idosos em pessoas mais felizes
Perto da minha casa mora uma senhorinha já bem idosa. De noite ela tem uma cuidadora, mas passa os dias sozinha. Cuida do pequeno jardim _ e é quando está regando suas plantinhas que conversamos um pouco _  e faz tricô sentada numa cadeira de balanço, aproveitando o solzinho morno das tardes de outono. Cada vez que a vejo penso a mesma coisa: deve ser muito triste envelhecer sem a companhia da família.
Ela não reclama da vida. Conta que é viúva há 10 anos, tem filhos e netos, mas que eles quase não a visitam porque “têm suas vidas para cuidar”. Duvido que ela não se sinta sozinha e desamparada, porque não é só dinheiro o que importa. A psicóloga da ASPB ( Associação Brasileira de Apoio aos Aposentados, Pensionistas e Servidores Públicos), Aline Lopes, é taxativa: na terceira idade, a presença dos familiares torna-se ainda mais importante e necessária. “É preciso manter o idoso ativo e saudável proporcionando bem estar para ele e para todos os que estão ao seu lado”, recomenda.
Aline explica que o isolamento social é ainda mais prejudicial nesta época da vida, e que a companhia da família torna-se indispensável para afastar a solidão. A transição do estado adulto para a velhice é um processo que provoca grandes alterações na autoestima e autoimagem _ e, por isso, estar rodeado de pessoas que o entendam e o apoiem é tão importante. “Quando se sente amado e protegido, o idoso se mantém ativo e feliz, interagindo e participando das atividades do dia a dia.
Sobre a minha vizinha, acho uma pena ela não poder conviver mais com os netos, uma relação onde todos só teriam a ganhar. Ela seria uma referência de conhecimento e de experiências para os mais novos e, eles, uma fonte de alegria, esperança e renovação para a vovó. Privar a todos desta convivência é um erro, que não vai ter reparação mais tarde.