Leio semanalmente dois livros e os registro em arquivo. Estou lendo agora "Todo mundo que vale a pena conhecer" da autora Lauren Weisberger. Às vezes leio determinada obra literária e questiono: Como uma história livresca dessas consegue vender milhões de exemplares? Dentre elas esta escritora aparece como a pior do mundo de acordo com a crítica literária de ruim embora tenha feito estrondoso sucesso.
É
possível que a romancista e poeta Amanda McKittrick Ros (foto), uma
professora nascida em 1860 na Irlanda do Norte, não tenha sido a pior
escritora do mundo. Com certeza foi a escritora ruim que mais sucesso
fez justamente pela ruindade de sua literatura. Esbarro em sua história
fascinante no ebook Epic fail (Fracasso épico), de Mark O’Connell, que teve um trecho (em inglês) reproduzido há poucos dias na revista eletrônica Slate.
O surrealismo involuntário da prosa absurdamente artificiosa de Ros
já foi apontado por sua legião de admiradores-detratores – com hífen
porque são as mesmas pessoas, a admiração sendo no caso uma forma de
gozação. A novidade do enfoque de O’Connell é lançar a hipótese de que
Ros também tenha inventado sem querer o pós-modernismo ou pelo menos um
de seus traços mais marcantes, a elevação irônica da ruindade galopante a
uma forma de arte.
Não se trata de fenômeno isolado. Ros está para as letras como Ed Wood está para o cinema e Pedro Carolino, autor do hilariante “Novo guia da conversação em portuguez e inglez” (Casa da Palavra), para os estudos linguísticos. Mestre insuperável da purple prose,
como os anglófonos chamam o estilo empolado típico da subliteratura,
foi estudada e ridicularizada com fascínio e horror pela
intelectualidade britânica nas primeiras décadas do século XX, em grupos
de leitura como o de C.S. Lewis e J.R.R. Tolkien.
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