Vereadores em silêncio
Os vereadores de São Jerônimo da Serra (Norte Pioneiro) José Jacir Sampaio (PSD), Isaque Pereira Martins (PPS) e Amarildo Bueno (PR), embora tivessem manifestado informalmente o interesse em colaborar com as investigações, ficaram em silêncio durante depoimento ontem na sede do Ministério Público (MP) em Londrina. Eles foram presos temporariamente na quarta-feira, durante a Operação Sucupira, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que apura suposto desvio de recursos públicos.
Afastamento de servidora
A servidora municipal de São Jerônimo da Serra Aline Moreira, que também estava presa em Londrina, foi liberada ontem, depois de prestar depoimento no MP. Segundo o promotor de Justiça Jorge Fernando Barreto da Costa, "ela trouxe informações importantes para as investigações e pedimos a revogação da prisão dela e o afastamento da função na prefeitura". O pedido foi deferido pela Justiça. Além dela, outro empresário também foi liberado ontem. Portanto, 11 pessoas permanecem detidas.
Participação do prefeito
São estimados cerca de 80 depoimentos ao longo da investigação sobre supostos crimes contra o patrimônio público praticados no município. Ontem foram ouvidas 13 pessoas em São Jerônimo da Serra, entre suspeitas e testemunhas. De acordo com o promotor Jorge Fernando Barreto da Costa, "muitas suspeitas do Ministério Público, em princípio, foram confirmadas". "O prefeito (Adir dos Santos Leite, PSDB) seria uma das principais lideranças no esquema." Adir chegou a ser preso por posse ilegal de arma, mas pagou fiança de R$ 6 mil e foi solto. Conforme o MP, dois pedidos de prisão contra o tucano, por suposto envolvimento nas fraudes, foram negados pelo Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná.
Exonerados
O advogado Maurício Carneiro protocolou ontem no TJ pedido de habeas corpus em favor de nove investigados, entre eles, os três vereadores e os dois filhos do prefeito de São Jerônimo da Serra, Adcarlos dos Santos Leite e Alisson dos Santos Leite. Adcarlos, segundo Carneiro, foi exonerado pelo pai do cargo de secretário de Administração. "Todos os comissionados foram exonerados e em relação aos efetivos o prefeito já pediu a abertura de sindicâncias", disse o advogado.
‘Prisões ilegais’
Maurício Carneiro sustenta que não houve os crimes narrados pelo MP na Prefeitura de São Jerônimo da Serra. "Se existe participação do prefeito em alguma irregularidade, conforme diz o Gaeco, as prisões são ilegais porque a competência para analisar e deferir pedidos de prisão é do Tribunal de Justiça (pelo foro privilegiado do chefe do Executivo)." Segundo o advogado, não há justificativa para as detenções. "São para pressionar as pessoas a falar o que (os promotores) querem."
Scarpellini rebate
O candidato a deputado federal José Domingos Scarpellini (PSB) reagiu ontem à declaração do candidato ao governo do Paraná Roberto Requião (PMDB) contra a investigação sobre uso de instalações e serviços da Polícia Militar do Paraná para cuidar de cavalos particulares. Anteontem, o ex-governador disse à imprensa que "cavalo come capim e quem comia o que não devia eram os deputados que aderiram ao Beto Richa". Para Scarpellini, a frase é uma forma de ridicularizar a investigação. E lembrou: "Os cavalos foram tratados com alfafa, aveia e tiveram à disposição a equipe médica hospitalar que atendem os animais da corporação", ressaltando a implicação do erário. A estimativa é que os gastos tenham chegado a R$ 6,5 milhões, afirma ele.
‘Fanfarronice’
Ex-deputado estadual, Scarpellini foi autor da denúncia que levou o caso a ser investigado tanto pela PM quanto pelo Ministério Público. Ele classifica o "modus operandi" do desafeto político uma "fanfarronice" com o objetivo de minimizar a denúncia para ganhar tempo na mídia durante a campanha eleitoral. Scarpellini já foi aliado de Requião, mas depois passou a fazer oposição.
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