sexta-feira, 26 de setembro de 2014

DOMINGOS PELLEGRINI, DISSE:" NEM ESQUERDA, NEM DIREITA. BRASIL, EM FRENTE!"


Sem dúvidas este é um dos melhores escritores do Paraná, orgulho da cidade de Londrina, li vários de seus 
livros, tenho-o em alto conceito no mundo literário. Este seu artigo é real e reflete as verdades da Ditadura.
Publicado em 26/09/2014 | 
"Quem falou que a ditadura foi branda agora diz: ditadura, adeus!
Cansei de ouvir falar da ditadura, enjoei de tantas lamúrias, lições,
 mesas-redondas, seminários, comissões da meia verdade, 
memórias, rituais de flagelação, chega! Não quero mais 
participar de coletâneas sobre a ditadura, livros 
chupins a sugar o mesmo sangue seco após
 meio século!
Aliás, depois de tantos eventos comemorando os 50 anos da ditadura 
(parece até que sentem saudade!), será que ano que vem haverá a
 comemoração dos 51 anos? Sugestão de slogan: 51 anos – um
 porre de ditadura! Sim, para quem morreu ou sofreu, não podia 
ser pior; mas, meio século depois, será que já não aprendemos
 o que era preciso aprender? Até quando irá essa ladainha masoquista?
Certo é que, se a direita tivesse aberto seus porões de memórias e 
seus arquivos de documentos, a esquerda não teria mais o
 que fazer além de entender que a anistia foi para os
 dois lados. Mas, se quiser insistir, então vamos 
investigar também os crimes da esquerda, não?
Ah, não, isso a esquerda não quer, porque age 
exatamente como a direita. Sugestão de tema
 para mesas-redondas: “Esquerdireita, irmãs 
siamesas, inversamente iguais”. Nessa mesa,
 eu gostaria de dizer algumas coisas.
A direita usou todos os meios para se manter no poder, depois 
de gerar 200 milhões de mortos no século 19 com sua 
guerras coloniais, desastres econômicos e massacres.
A esquerda usou de todos os meios (“os fins justificam
 os meios”, né, conforme Lenin) para chegar ao poder, 
daí gerando as guerras civis e massacres que 
geraram também 200 milhões de mortos no século 20.
Nos regimes de direita, uma elite mandava e o povo sofria, 
exatamente como nos regimes de esquerda.
A direita repudiava empreendedorismo, 
inovação, democracia, cogestão, cooperativismo, 
exatamente como a esquerda.
Fui comunista e hoje social-democrata, embora 
lamentando que o mensalão tenha começado no 
governo FHC, quando se descobriu que é possível
 comprar deputados em massa. Fui fã de Luiz Carlos Prestes
 e da Coluna Prestes, que hoje vejo como um fracasso
 político e militar. E lamento que, depois, Prestes tenha
 se tornado comunista, manietando-se à União Soviética, 
tanto que sua Olga Prestes era agente soviética
 encarregada de monitorar o líder brasileiro – 
está na sua biografia.
Fui fã de Guevara, chorei lendo seu Diário da Guerrilha,
 que reli duas décadas depois, já usando os próprios
 olhos e não os óculos da ideologia, e... vi que ele 
andava em círculos na selva boliviana; surpreendente
 é que não tenha sido morto antes! Foi administrador
 incompetente em Cuba. Tentou transplantar
mecanicamente o modelo da guerrilha cubana no
 Congo e na Bolívia, pagando com a vida esse 
aventureirismo. Comandou pelotões de fuzilamento
 em Cuba não porque era preciso, mas porque gostava 
de matar, em nome, claro, das melhores intenções. 
Um psicopata. Mas um ótimo criador de frases de efeito, 
por isso anda estampado em tantas camisetas. 
Mas Harvard e Oxford também estão em tantas camisetas...
Que teria acontecido com o Brasil se os militares não
 tivessem implantado sua ditadura? Teríamos virado 
uma imensa Cuba a distribuir miséria? Ou seríamos
hoje uma China a concentrar riqueza para poucos e 
trabalho sem direitos trabalhistas para muitos? 
Ou, talvez, nos tornássemos uma Rússia ninho 
de máfias? E seríamos dirigidos por José
 Dirceu e José Genoino, em nome dos Josés do povo...
Na África do Sul, o Apartheid acabou quando negros
 e brancos confessaram seus crimes e se pediram
 desculpas. Aqui, a direita continua rancorosamente 
defensiva enquanto a esquerda continua rancorosamente 
vingativa. Duas perdedoras históricas, ainda não se deram 
conta de que, com o Muro de Berlim, caíram o socialismo
 autoritário e também o capitalismo selvagem. Para 
continuar, o capitalismo se socializa, enquanto o 
socialismo vai morrendo em Cuba e na 
Coreia do Norte, hipocritamente (e temporariamente) 
se capitalizando na China.
Enquanto isso, as cooperativas, modelo de social-democracia,
 continuam prosperando e avançando, apesar de fracassos
 eventuais devidos aos mesmos vícios e erros do socialismo e 
do capitalismo: traição da democracia, cultivo de privilégios
 e administração centralizada e ineficaz.
Mas a esperança é tipicamente humana:
 nem esquerda, nem direita. Brasil, em frente!"
                                                  Domingos Pellegrini é escritor.

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