ESPAÇO ABERTO-FOLHA DE LONDRINA
Política e religião
Belo exemplo cristão. Não transforma o púlpito em palanque. Pensa na sublime política, jamais em tendência partidária. Todos deviam agir assim...igreja é templo sagrado, onde tem que predominar tão somente a Sagrada Escritura. Que Deus o abençoe e continue pensando assim...os cristãos agradecem! Nunca deve existir ... Se é de Paulo? Se é de Apolo? Nem de Paulo, nem de Apolo. Tem que haver tão somente a fé em Jesus.
Profundamente surpreendido me encontro, ao ver os diversos avisos políticos da minha e de outras cidades. Cada frase, cada chavão, cada motivação, deixam o transeunte um tanto alarmado. Mas o que mais me dói, é ver quando candidatos se apresentam utilizando títulos religiosos, como bispo, pastor, pastora, irmão e irmão padre.
Vale a pena afirmar não vi, até hoje, nenhum que apresentasse alguém com o título de madre.
Aldo Moro, um dos maiores e nobres políticos italianos do século 20, assassinado pelas brigadas vermelhas na Itália de 1978, tinha uma frase que pode se adaptar muito bem a essa nossa situação: "Quando devemos acudir a nossa identidade religiosa, para nos eleger, isso quer dizer que não somos suficientemente cidadãos como o deveríamos ser". E olha que foi o grande candidato e primeiro ministro italiano, católico, amigo do papa Paulo 6º.
Quando os nossos interesses são os de servir a população civil, não temos por que acudir a nenhum apelativo que possa invocar nossa denominação religiosa.
Imagens quase que maquiadas de piedade e beleza sagrada, fazem os comentários mais desnecessários. Na nossa sociedade democrática, ser cidadão já é um grande titulo e, precisamente, por essa razão, não temos necessidade de ocultar o que somos por trás de menções que mostrem qual cargo ocupamos dentro da nossa igreja.
Política e religião sempre foram uma dupla muito perigosa. Os partidos de corte religioso, colocando a "graça" de Deus como um aditivo para obter bons resultados, simplesmente desqualificam a participação da Graça Divina, na vida das pessoas.
Seja qual for o seu envolvimento político e cidadão, seria muito melhor acudir a fé e a política, duas ações sustentáveis, exigentes e responsáveis.
Quem tem fé, de verdade, sabe que tudo o que possa fazer em favor dos outros, o faz em nome de Deus, pois fazer política de verdade é acreditar em que Deus quer o melhor para os seus filhos e filhas.
Fé e política denotam compromisso, capacidade e responsabilidade suficiente, como para não pensar em compromissos religiosos de bancadas ou grupos.
Soa incômodo ao eleitor ouvir dizer que existem bancadas evangélicas e católicas, nos diferentes órgãos, colocando os fieis em questão, diante de algo que não tem sentido.
Não se pode, ou melhor, não deveria poder utilizar nenhuma denominação que o ofusque e entrave o verdadeiro ser da política. O apóstolo Paulo já o adverte numa das suas cartas: "Nem de Paulo de Apolo, De Cristo" (I Cr. 4).
Vamos trabalhar todos juntos para viver numa sociedade na qual possamos viver em paz, sem nenhum tipo de tendência religiosa, a não ser aquela de sermos bons em nome de Deus. De fazer o bem e de formar a nossa consciência para exercitá-lo evitando ser meros espectadores.
Desejo a todos os candidatos de diversas tendências e correntes, a disposição de servir pelo cargo no qual o povo os colocará, evitando fazer tudo aquilo que possa destruir a pessoa humana ou sua dignidade.
JOSÉ RAFAEL SOLANO DURÁN é sacerdote da Arquidiocese de Londrina
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