Aumenta o número de pessoas que acreditam na derrota de Dilma nas urnas.
Porém a possibilidade da vitória de Marina pode acarretar decepção de quem acredita que ela é a melhor opção para a nação. Esta é a conclusão a que têm
chegado, nos círculos políticos de Brasília, petistas e não petistas com
algum acesso a Lula, a partir da análise de seu comportamento diante de
um quadro eleitoral que era impensável pouco tempo atrás.
Não
é de hoje, garantem seus seguidores mais chegados, que Lula perdeu a
paciência com a campanha da reeleição de Dilma. E não se trata nem de
discordar da estratégia, se é que se pode chamar assim, que a presidente
e seu círculo de assessores diretos impuseram à disputa. Aos mais
íntimos o ex-presidente se tem permitido expressar irritada decepção com
a falta de competência política e de carisma de sua criatura. Afirma
mesmo, como se não tivesse nada a ver com isso, que ela "não é do ramo".
Diante
do provável revés, Lula se esforça para disfarçar o mau humor com um
comportamento discreto que o tem levado, para usar uma expressão
futebolística tão a seu gosto, a simplesmente "cumprir tabela" na
campanha. Mesmo porque uma omissão ostensiva seria inadmissível e a
estridência crítica seria contraproducente.
Lula, portanto,
parou para pensar em si mesmo, entregar os anéis para salvar os dedos e
se concentrar em 2018, quando ele próprio poderá tentar, com o
prestígio popular que lhe tiver restado, uma volta triunfal ao Palácio
do Planalto. E, pelo que dizem ser seus cálculos, a eleição de Marina
Silva agora pode ser mais útil a esse objetivo do que a reeleição de
Dilma.
Dilma Rousseff entregará a seu sucessor um país em
situação muito pior do que aquele que recebeu de Lula há quatro anos. Os
indicadores econômicos, financeiros e sociais revelam essa lamentável
realidade. O próximo ocupante da cadeira presidencial receberá uma
verdadeira herança maldita. Reeleita, Dilma terá de mostrar uma
competência que já provou não ter para evitar que a inflação estoure, a
recessão econômica se instale, os programas sociais definhem e a
companheirada em desespero piore as coisas tentando "salvar o seu". E aí
provavelmente nem mesmo Lula seria capaz de operar o milagre de manter o
PT no poder em 2018.
Já Marina Silva na Presidência, com
um programa repleto de boas intenções, mas sem nenhuma perspectiva
concreta de apoio parlamentar para aprová-lo e de uma ampla e competente
equipe técnica para realizá-lo, seria presa fácil de um PT que, na
oposição, estaria à vontade para fazer aquilo em que é especialista:
atacar, destruir. E depois de devidamente demolida a imagem de Marina,
Lula poderia surgir, mais uma vez, como salvador da pátria.
Mas
haveria ainda, segundo essas maquinações, uma segunda hipótese:
governar com o PT. Marina não ignora as dificuldades que terá pela
frente e tentará garantir o apoio de forças políticas que possam fazer
diferença em seu governo. Petistas ou tucanos dariam a Marina apoio
decisivo semelhante àquele que o PMDB oferece hoje a Dilma. Mas PT e
PSDB dificilmente comporiam juntos uma base de apoio confiável. E, mesmo
que os tucanos venham a apoiar Marina num eventual segundo turno contra
Dilma, toda a história política da ex-senadora dentro do PT e a aversão
aos tucanos que ela não se preocupa em disfarçar indicam que seus
parceiros preferenciais seriam os petistas.
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