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Joselino Meneguete é um produtor do café das montanhas do Espírito Santo.
O sítio Rancho Dantas fica no município de Brejetuba, divisa com Minas Gerais,
e tem dois hectares da variedade catuai, consorciados com bananeiras e
palmeiras. A região com altitude média de mil metros tem vários pequenos
produtores de café arábica de alta qualidade.
Na hora da colheita, ao invés de derrissar tudo de uma vez, misturando
frutos verdes e maduros, o que prejudicaria o sabor do café, Joselino faz
colheita seletiva. Ele tira primeiro os grãos maduros, um por um, e deixa os
outros para uma próxima panha.
O manejo segue a risca a recomendação de Fabiano Tristão, agrônomo do
Incaper – Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural. O sombreamento com a
bananeira ajuda na produção. “Além de ser uma segunda fonte de renda, também
serve de quebra-vento, evita a incidência de algumas doenças e também ajuda a
diminuir um pouco a temperatura dentro da lavoura, o que beneficia o
prolongamento do ciclo de produção e beneficia a qualidade”, explica.
Depois da colheita, os grãos maduros são despolpados em uma máquina
mais usada para produzir sementes de café. A secagem é feita em estufa de lona
plástica. Os grãos são espalhados em uma esteira de tela, sem contato com o
solo. O café é revirado dez vezes ao dia por pelo menos uma semana até atingir
12% de umidade.
Graças a esses cuidados, Joselino já recebeu vários prêmios de
qualidade, mas os prêmios não refletiram em aumento da sua renda. A produção do
sítio é pequena, apenas 20 sacas por ano. Além disso, o mercado do café da
região varia muito. O melhor preço conseguido por ele não chegava a R$ 300 a
saca. Computando a mão de obra e os insumos, a lavoura dava prejuízo. Joselino
pensou em abandonar o sítio. “Não totalmente abandonar a propriedade. Mas o
abandono de lavoura. Eu ia fazer o plantio todo de eucalipto, ia buscar outra
atividade”.
Contudo, a vida dele começou a mudar há cerca de quatro anos, quando
recebeu a visita de uma especialista em café de qualidade que vive em São Paulo.
Isabela Raposeiras passa parte do seu tempo cuidando da torrefação e do preparo
de cafés finos serviços em uma cafeteria da Vila Madalena, bairro boêmio de São
Paulo.
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