Nem tudo são flores nos cafezais
- Décio Luiz Gazzoni
- 06/11/2014 00:05
Nos
últimos cinco anos, a exportação brasileira de café cresceu 18%. De janeiro a
agosto deste ano foram exportadas 23,6 milhões de sacas, contra 19,7 milhões no
mesmo período de 2010. Mas nem tudo são flores nos cafezais, sobretudo devido
ao desaparecimento da mão de obra na área rural, talvez o maior problema
enfrentado atualmente pelos produtores agrícolas.
Um dos
setores com maior dificuldade para a adoção de máquinas agrícolas, a
cafeicultura foi obrigada a ampliar a mecanização das lavouras nos últimos
cinco anos. Nas cooperativas maiores, a adoção de máquinas alcança 85%,
reduzindo em 50% o custo da colheita porque o preço da mão de obra explodiu.
Segundo o
Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), metade das lavouras de
café do Brasil já tem algum grau de mecanização. Nas áreas com problema de
topografia – as mais problemáticas - são usadas máquinas menores, que
substituem 4-5 pessoas, como ocorre na região da Cooperativa de Cafeicultores
de Guaxupé (Cooxupé), cujos 11,5 mil cooperados são os principais produtores em
áreas montanhosas.
Sem as
máquinas, os cafeicultores demandariam 30 mil trabalhadores na colheita, quando
a oferta mal chega a 8 mil. A maior preocupação dos cafeicultores quanto à
mecanização eram os danos que as máquinas infligiam às plantas. As máquinas
mais modernas, devidamente reguladas e operadas, tornam o dano negligível, exigindo
apenas a retirada dos galhos das plantas que atrapalham as máquinas. A
mecanização chegou também ao acondicionamento e transporte de grãos.
Segundo o
CeCafé, metade do café exportado pelo País utiliza o transporte a granel ou as
big bags, com capacidade para até 1,5 tonelada. A mudança substitui a mão de
obra que desapareceu (carregadores e ensacadores), com redução de cerca de 50%
nos custos de logística, atualmente estimados em US$ 10 por saca.
Na
Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec), de um milhão de sacas
exportadas pelos associados, metade já é acondicionada em big bags ou a granel.
Na Cooxupé, são mais de 3 milhões, equivalendo a 80% da exportação. Neste caso,
a redução da mão de obra foi de 75% e, se a mesma continuar a minguar, a
mecanização vai se expandir ainda mais.
O autor é
Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja. www.gazzoni.eng.br.
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