Brasil é o país mais perigoso para defender o meio ambiente, aponta relatório da ONG britânica. (Foto: Divulgação)
Defender os direitos ambientais é uma das atitudes mais arriscadas no
Brasil. É o que mostra o relatório da ONG britânica Global Witness, que
foi divulgado semana passada. O documento que analisa casos de
assassinatos relacionados à causa ambiental e fundiária registrou 448
mortes só no Brasil.
O levantamento aponta que 908 cidadãos foram assassinados entre 2002 e
2013, destes 448 ocorreram em território brasileiro – seguido das
Honduras (109) e das Filipinas (67). Em 2012, com 147 mortes de
ativistas registradas, o número triplicou em relação aos dez anos
anteriores. Além disso, a taxa de homicídios subiu nos últimos quatro
anos para uma média de dois ativistas por semana.
“Muitas das pessoas que enfrentam ameaças são cidadãos comuns que se
opõem à expropriação de terras, operações da indústria mineira e
comércio de madeiras. Muitas vezes são obrigadas a abandonar as suas
casas, sendo gravemente ameaçadas pela destruição ambiental. As
comunidades indígenas são as mais afetadas. Em muitos casos, os seus
direitos à terra não são reconhecidos pela lei nem na prática,
deixando-as expostas à exploração por interesses econômicos poderosos”,
alerta o relatório.
Os autores do estudo ressaltam que certamente houve mais casos,
entretanto “a natureza do problema torna a informação difícil de
encontrar e ainda mais difícil de confirmar. A taxa de mortes aponta
também para um nível muito superior de violência não mortal e
intimidação que não estão documentados neste relatório”.
Interesse
O documento ainda reforça o sentimento de abandono, diante de
situações em que os ameaçadores são aqueles que deveriam proteger. “Há
vários casos que envolvem as forças de segurança pública que muitas
vezes colaboram com empresas e proprietários de terras privados. A falta
de vontade política em garantir que os grandes negócios que envolvem
recursos sejam realizados de forma justa e aberta é idêntica à falta de
vontade política em fazer justiça nos casos em que os conflitos resultam
em assassinatos”.
Outra questão levantada é a impunidade, sensação já bem conhecida
pelos brasileiros. “Por detrás destes crimes existem redes complexas e
secretas de interesses adquiridos. Só foram julgados, condenados e
punidos dez agressores entre 2002 e 2013, cerca de 1% da incidência
geral dos assassinatos conhecidos”.
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