sábado, 7 de março de 2015

MULHERES EMPREENDEDORAS FAZEM A DIFERENÇA NO MERCADO DE TRABALHO!




Prestes a completar 80 anos, Helga Lepper de Loyola ainda respira o dia a dia da Lepper, fabricante joinvilense de artigos para cama, mesa e banho. Apesar de não integrar mais a diretoria executiva da empresa _ hoje atua no conselho de administração _, a bisneta de Hermann August Lepper, fundador da companhia têxtil e da Associação Empresarial de Joinville (Acij), faz questão de acompanhar tudo de perto. Dá palpites nas coleções, visita os setores da fábrica e faz questão de cumprimentar os funcionários que encontra pelo caminho.

Quem conhece a simpática senhora, de ares de dondoca (como ela mesma brinca), não imagina os apuros pelos quais ela já passou e o que ela representa. Nascida emJoinville, Helga foi, com apenas três anos de idade, para a Alemanha, onde viveu parte da infância. Foi também lá que ela testemunhou os horrores da guerra. Importante polo bélico alemão, a cidade de Kassel, onde morava, foi alvo constante de bombardeios por parte, principalmente, da força aérea britânica. O pai, dono de uma fábrica de pianos, foi perseguido, acusado de ser nazista.

A tranquilidade só veio na volta a Joinville, aos 11 anos. Mais tarde, dona Helga se casou com José Henrique Carneiro de Loyola. O marido assumiu os negócios da família na década de 1960. Anos depois, convidou a esposa a se juntar a ele na gestão da empresa.

Dona Helga tinha, então, 40 anos e nunca havia trabalhado. Mas encarou o desafio. No início, ela se dedicava ao desenvolvimento de novos produtos. Sua grande missão foi dar um toque mais feminino às coleções. 

Peças como toalhas de mesa começaram a ganhar novas cores e acabamentos diferenciados. Dona Helga se encarregava da compra das matérias-primas e fazia, ela mesma, a decoração dos estandes quando a Lepper participava de feiras. Fazia, afinal, todo o sentido.
_ Era tudo feito por homens. Mas quem comprava produtos da casa era a mulher _ diz ela.
O portfólio aprimorado garantiu um bom crescimento nas vendas da Lepper na época, lembra dona Helga. Mas sua contribuição foi além dos resultados financeiros.
Ela afirma ter sido uma das primeiras mulheres a participar das decisões diretas de uma grande empresa de Joinville. 

Em 1985, assumiu a presidência da companhia têxtil, abrindo caminho para um cenário que dura até hoje: desde então, as mulheres são destaque no comando dos negócios da família. O posto mais alto já passou pelas mãos das duas filhas: Gabriela e Maria Regina, a atual presidente da Lepper.


A CARREIRA COMO PRIORIDADE

Por mais de quatro décadas, as principais decisões da Embraco foram tomadas por um grupo gestor formado apenas por homens.

A escrita foi quebrada quando Ursula Angeli assumiu a vice-presidência de recursos humanos, comunicação, sustentabilidade, saúde, segurança e meio ambiente da empresa, em 2012. Ela mesma reconhece que, num primeiro momento, ter uma mulher sentada à mesa do staff presidencial da companhia causou um pequeno choque no comando da multinacional, líder mundial na fabricação de compressores para refrigeração.

A ascensão profissional de Ursula não se deu por acaso. Natural de Florianópolis, ela começou a carreira como trainee da Brahma, em Lages. Lá, vivenciou o período de transição para a AmBev _ fruto da fusão da cervejaria com a Antarctica. Em 2005, recebeu um convite para integrar a equipe da Whirlpool.

Sete anos depois estava na Embraco. A favor dela pesa uma escolha de vida. Solteira e sem filhos, Ursula preferiu priorizar a carreira profissional em vez de formar uma família _ e garante estar muito bem resolvida com a situação. Mas ela sabe que faz parte de uma minoria ao citar casos de mulheres que se cobram demais para conciliar as duas coisas.

_ Ainda hoje o homem é criado para ser o provedor e a mulher, a acompanhante. Isso leva tempo para mudar _ avalia Ursula.

A atribuição de papéis específicos de acordo com o gênero e a responsabilidade maior que as mulheres geralmente têm sobre as famílias são justamente dois dos principais obstáculos para que elas ocupem mais cargos de liderança, indica a pesquisa Mulheres em gestão e negócios: ganhando impulso, divulgada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) no último mês

O relatório, que avaliou dados de empresas de 108 países, é direto: promover a igualdade de gênero no ambiente de trabalho não é apenas a coisa certa a se fazer, mas também a mais inteligente.

_ A crescente participação das mulheres no mercado de trabalho tem sido um importante motor do crescimento global e da competitividade _ diz o documento.

A Embraco já entendeu o recado. No Brasil, a empresa tem 173 cargos executivos. Vinte e nove deles são ocupados por mulheres, o que corresponde a 15,6% do total _ número três vezes maior do que a média mundial.

A companhia estabeleceu uma diretriz de, sempre que possível, priorizar a contratação de mulheres para cargos de liderança.

_ Buscamos trabalhar com o conceito de diversidade. Visões e perfil diferentes ajudam na busca por soluções _ explica Úrsula.

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