Recentemente, escrevi
histórias infantis, nas quais me coloquei no papel de uma bruxa boa disfarçada
de avó. Essa bruxa escondia atrás dos livros potes com pós mágicos, que usava
para vencer as bruxas más, moradoras de um buraco no meio-fio ali na esquina.
"Bruxa existe, fada existe, gnomo existe, bicho fala?", perguntava a
criança que recheou minhas histórias com suas maravilhosas fantasias (uma de
suas perguntas foi, aliás, se "à noite, as estrelas-do-mar acendem no
fundo das águas"). Se bruxas e fadas existem...
Respondi que existem, claro, para as crianças que acreditam. Depois pensei que,
no caso dos adultos, tudo depende de nossa capacidade de escapar da prisão de
nosso melancólico ceticismo e, assim, adentrar os mistérios do mundo. Se é
possível acreditar que somos transcendentais, que existe o sagrado fora de uma
religião institucionalizada, por que não existiriam criaturas miraculosas? E
quem garante que, de vez em quando, dois mais dois não é algo diferente do
tedioso quatro?Pesquisadores geniais começam a abrir frestas de conhecimento
que nos revelam universos insuspeitos (seriam os das bruxas medievais?).
Comecei a querer entender o mundo quando ainda nem comia à mesa dos adultos
(outros tempos!), intrigada, principalmente, com as tempestades que
resfolegavam como um grande animal sobre as árvores do jardim. Sempre quis entender:
porque não entendo, escrevo. Como jamais entenderei, até o fim da vida tentarei
expressar em palavras, e entrelinhas, esse desejo de tocar o
indizível. Bruxas existem, fadas existem, a vida depois da aparente morte
existe, os encontros humanos são destinados: algo secreto maneja os laços que
se atam e desatam em amores, família, amizades e até encontros breves.
Por que não? Nada é impossível na
vastidão do processo no qual estamos como as árvores na floresta e as conchas
na areia: transformação, não deterioração; soma, não redução. Se conseguíssemos
enxergar isso, seríamos muito mais tranqüilos, mais abertos e ousados. Daríamos
mais importância ao crescimento, e não à castração; à dignidade e ao amor, e
não à vingança e ao ressentimento. Teríamos consciência de que a vida nos
lançou fora do casulo do não-saber para exercermos generosidade e liberdade,
até sermos de novo encerrados (ou expandidos?) nisso que chamamos
morte. Ao menos por algum precioso instante de libertação,
todos devíamos poder ser crianças que acreditam que à noite, quando todos
dormem, esta que aqui escreve voa sobre os telhados em sua vassoura, feliz
porque os que ama dormem protegidos, enquanto ela, a Bruxa Boa, sob a claridade
da lua, gira, vigilante.
Os objetivos principais deste blog "Comunicando para Refletir" são de emitir informações, artigos publicados na mídia, sobre problemas sociais que atingem todas as camadas sociais. Isso não quer dizer que sou o dono da verdade, às vezes minhas ideias não são iguais as suas, e são respeitadas as opiniões expostas. Queremos um mundo melhor e por isso expressaremos sobre cidadania, ética na política, bons costumes familiares. Acima de tudo buscaremos a ética e moral dos bons costumes.
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