Alguns cientistas afirmam que flutuações no desejo sexual feminino são
normais - especialmente quando as mulheres ficam mais velhas.
Outros psicólogos sexuais dizem que o défcit de libido pode ser considerada um
problema de saúde, já que estaria atrelado a um desequilíbrio hormonal. Mas,
agora, a FDA (Food and Drugs Administration, o órgão regulamentador de
medicamentos nos EUA) vai realizar um painel para decidir se aprovam ou não o
teste de um potencial 'viagra feminino' em pacientes.
Essa substância é a Flibanserina, uma droga não hormonal criada pelo laboratório Boehringer Ingelheim
Pharmaceuticals. Originalmente, ela seria usada como um antidepressivo.
Listamos aqui o que você sabemos sobre toda essa questão até agora:
1.
Existe uma explicação para a queda do desejo?
Não são só mulheres que sofrem com a falta de libido após uma certa
idade - o sucesso do Viagra está aí para provar isso. No entanto, as
características dessa queda no desejo são bem diferentes entre homens e
mulheres. A disfunção sexual masculina é tratada através da recuperação da
ereção. Já a falta de desejo feminina é mais abstrata e ainda é um mistério
para os cientistas - a única coisa que se sabe é que o mecanismo cerebral
envolvido com a sensação de recompensa tem um papel importante.
Uma das teorias é o chamado Distúrbio do Desejo Sexual Hipoativo (ou
HSDD, na sigla em inglês). O HSDD afetaria partes frontais do cérebro e seria
uma inabilidade de deixá-las mais inativas. Como essas regiões são responsáveis
por tarefas do dia a dia, lembrando de problemas no trabalho, do aniversário de
um conhecido, etc. elas interfeririam no funcionamento do circuito de
recompensa - e a capacidade de sentir prazer e motivação sexual seria inibida.
2. De
onde veio essa Flibanserina?
Como explicamos ali em cima, o medicamento foi desenvolvido como um
tratamento para a depressão. Mas testes clínicos mostraram pouca eficácia
nesses casos. Um efeito colateral, no entanto, foi notado: mulheres que tomaram
a droga começaram a ter experiências sexuais mais satisfatórias.
3.
Como ela funciona?
Ela altera o equilíbrio natural dos neurotransmissores envolvidos com a
sensação de recompensa da qual falamos anteriormente: a dopamina, a serotonina
e a noradrenalina, compensando e normalizando os níveis dessas substâncias. Se
a teoria do HSDD estiver certa, a droga permite que esses circuitos frontais
relacionados à responsabilidades possam ter a atividade diminuída em
determinados momentos - e parem de inibir o prazer sexual.
4.
Qual foi o resultado dos primeiros testes?
A FDA já rejeitou a droga em 2010 porque, apesar de pacientes dizerem
que suas experiências sexuais foram mais satisfatórias, experimentos falharam
em quantificar um aumento do desejo. O problema é: como é possível quantificar
algo tão abstrato? Agora novos experimentos serão feitos.
5.
Existem efeitos colaterais?
Sim: tontura, sono e possivelmente náusea. Mesmo assim, eles são menos
extremos do que drogas para disfunção erétil já aprovadas. Estes incluem coisas
como infarto, cegueira, morte súbita e até ruptura peniana.
6. E a
repercussão?
Apesar da busca pela versão feminina do viagra estar a todo vapor na
indústria farmacêutica (o viagra é um sucesso de vendas que pode ser repetido),
muitas pessoas temem que a droga, se aprovada, poderá inibir a busca de
soluções em caso que a falta de desejo não é um problema isolado, sim um
sintoma. De acordo com a professora da Universidade de
Southampton, Cynthia Graham, que leciona psicologia e saúde, a falta de
desejo pode significar depressão ou estafa. "A situação que leva à falta
do clima deve ser considerada sempre", contou ela à BBC.
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