terça-feira, 20 de outubro de 2015

BLOG POESIA : HOJE "O DIA DO POETA". DESTACA-SE Carlos Drummond de Andrade - "JOSÉ!"



O dom de escrever não é fácil. E ser poeta é mais difícil ainda. O poeta vê tudo e tem a sensibilidade de passar em versos tudo que nos rodeia e o sentimento aflora...
Esta data celebra o profissional, que pode (e deve) ser reconhecido como um artista escritor, que usa de sua criatividade, imaginação e sensibilidade para escrever, em versos, poesias que faz.
Há séculos as pessoas se emocionam, riem e choram com essas belas produção artísticas, considerada como uma das 7 (sete) Artes Tradicionais.

Origem do Dia do Poeta

Dia Nacional do Poeta é comemorado a nível extra-oficial, ou seja, não há uma lei que oficialize o dia 20 de Outubro como Dia do Poeta. Mas, a data foi escolhida por uma razão bastante especial para os poetas brasileiros. No dia 20 de Outubro de 1976, em São Paulo, surgia o Movimento Poético Nacional, na casa do jornalista, romancista, advogado e pintor brasileiro Paulo Menotti Del Picchia.
A data homenageia e lembra deste momento ímpar para os poetas do Brasil.

Curiosidades

Antigamente, a poesia era cantada e acompanhada pela lira, um instrumento musical típico da Grécia. Por isso, a poesia é classificada como pertencente ao gênero lírico da literatura.
 José - Carlos Drummond de Andrade

O poema mais conhecido da literatura foi escrito pelo escritor mineiro Carlos Drummond de Andrade, um farmacêutico nascido na cidade de Itabira. De tão conhecido que ele é, a expressão "E agora, José" virou uma gíria popular, usada em situações complicadas.

José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Carlos Drummond de Andrade 

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