sábado, 16 de janeiro de 2016

DEPOIS DO TEMPORAL MORADORES DA ZONA RURAL PERMANECEM ISOLADOS EM LONDRINA!


"Não tem mais água, tem pouca comida no mercadinho, tem poucos remédios, as vacinas já estragaram no posto... A gente precisa muito de ajuda", resumiu a agricultora Maria Helena Neves, que mora no Patrimônio Guairacá, a aproximadamente 40 km do centro de Londrina. Com a queda da ponte sobre o Rio Taquara, que ligava o patrimônio ao Distrito de Paiquerê, os moradores ficaram isolados. "Para sair daqui, só de helicóptero agora", contou, por telefone. Até a manhã de ontem, os moradores permaneciam sem água. "A luz voltou à tarde e o telefone voltou agora cedo", afirmou Maria Helena Neves. Segundo a Companhia de Habitação de Londrina (Cohab-Ld), cerca de 450 pessoas vivem no patrimônio.

Saulo Ohara/Equipe Folha
Saulo Ohara/Equipe Folha


A ponte de concreto foi arrastada pela água na noite de segunda-feira. Desde então, os moradores não conseguem sair do patrimônio. Uma gestante em trabalho de parto foi levada a um hospital de Londrina pelo helicóptero do Grupamento Aeropolicial (Graer). "Tem outra estrada que leva até o Distrito de Lerroville, mas ela está muito ruim. Ninguém consegue passar por lá. É muito lisa", reclamou Maria Helena. Na manhã de ontem, moradores na outra margem da ponte olhavam para os estragos sem saber o que fazer.

Dois oficiais do Exército que atuam no 5º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado, em Porto União (SC), coletaram dados e avaliaram os estragos nas áreas urbana e rural de Londrina e região. O tenente Marcone Chaves da Silva Junior informou que os dados serão repassados aos oficiais superiores para avaliação. "Tecnicamente é um desafio. Estamos avaliando toda a região. Vimos outras pontes que caíram e levantamos os dados. Até agora, este é um dos lugares mais críticos", avaliou. Uma das possibilidades é a construção de uma ponte flutuante ancorada nas margens. Entre os dados que precisam ser averiguados estão a velocidade da correnteza, a profundidade do rio e a distância entre as margens. Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura de Londrina, a intenção é avaliar a possibilidade de uma parceria técnica voltada para os distritos rurais.

A visita foi acompanhada por um representante da Defesa Civil Estadual e pelo secretário municipal de Obras, Valmir Matos. "Temos que estudar um local para fazer uma ponte provisória para deixar aqui liberado para a construção de uma nova ponte. O espaço é de, aproximadamente, 30 metros de extensão. Vamos precisar de uma estrutura potente", adiantou o secretário. Maquinários da Secretaria Municipal de Agricultura serão levados à estrada que liga Guairacá e Lerroville para liberar o acesso. Conforme o secretário de Obras, mais de 17 pontes foram danificadas nas áreas urbana e rural de Londrina. O prejuízo é estimado em R$ 36 milhões. No Patrimônio Regina, a ponte permaneceu no local, mas precisa de adequações estruturais. Por lá, o trânsito deve ser liberado em até uma semana. Na Rodovia Mábio Gonçalves Palhano, a liberação deve ocorrer em, aproximadamente, dez dias, segundo Matos.

PAIQUERÊ E IRERÊ
Nos dois distritos próximos a Guairacá, houve danos nas estradas rurais e nas plantações, segundo os moradores. O trabalhador rural Elias da Silva Oliveira trabalha em uma propriedade de Paiquerê, nas margens do Rio Taquara. Os moradores da região permanecem sem energia elétrica. "Estamos sem luz desde segunda. A chuva levou cerca, levou poste, levou tudo. Por sorte, a plantação ficou", contou. O acesso a Paiquerê e Irerê só foi liberado no final da tarde de ontem com o fim dos bloqueios na PR-445. "Agora é só pedir para Deus conservar esse tempo firme", comentou o produtor rural de Paiquerê, Benedito Gregório. Em Irerê, 36 pessoas, entre motoristas e passageiros, permaneceram no terminal de ônibus do transporte coletivo da noite de segunda-feira até a o final da tarde de terça. "Foi muito difícil.



O pessoal pousou aqui dentro dos ônibus. Demos as refeições e improvisamos tudo. Depois, na terça, um ônibus levou o pessoal até a PR-445, eles andaram um trecho a pé e outro ônibus conseguiu continuar o percurso até Lerroville", relatou a agente do terminal de ônibus de Irerê, Marian Ramos da Silva. Com a volta dos sinais de telefone fixo e celular, as ligações não pararam durante a manhã. "É o pessoal pedindo informação sobre a volta das linhas."

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