Em Auroville, na Índia, todos os
moradores recebem um salário mínimo e podem trabalhar com o que acharem melhor
02/03/2016 - 18H03/ atualizado
18H0303 / por Lucas Alencar*
Todas as decisões políticas da
cidade são tomadas em comunidade
Imagine viver num lugar em que a política é feita do povo e para o povo,
em que não há religião oficial e o dinheiro é mero detalhe. Parece utopia, mas
essa é uma boa descrição da comunidade indiana de Auroville.
Oficialmente reconhecida como cidade pelo governo da Índia e pela Unesco, Auroville foi fundada em 1968 pelo casal Sri
Aurobindo e Mirra Alfassa, ele indiano e ela francesa. No dia da inauguração da
comunidade, pessoas de todos os cantos do mundo levaram terra de seus países
nativos para simbolizar a união de todas as nações.
Hoje, cerca de duas mil pessoas moram na cidade, quem tem capacidade de
receber até 50 mil moradores. A
maioria dos habitantes de Auroville é indiana, mas há gente da França, da
Alemanha, de Israel, dos Estados Unidos, da Rússia e até do Brasil.
Faça o que tu
queres
Completamente autossustentável, a cidade tem campos cultiváveis,
pequenas fábricas, restaurantes, padarias, hospitais, escolas e cinemas, além
de um pequeno jornal local, tudo alimentado por energia solar. E não há
escassez de profissionais! Lá, moram arquitetos, cientistas, médicos e artistas
de todos os tipos, de escritores e poetas a escultores e pintores.
Todos os moradores recebem um salário mensal de R$ 405, valor suficiente
para os gastos médios e para guardar um pouquinho para qualquer emergência. Mesmo que alguém acumule muito dinheiro, tocando
um negócio, não há muito o que comprar, evitando assim a criação de uma sociedade
de classes. Carros? Não existem em Auroville. Os cidadãos se locomovem com suas
bicicletas.
A política também depende da comunidade. Não existem prefeitos,
governadores ou secretários em Auroville. Sempre que surge um problema, uma
assembleia é convocada e os cidadãos da comunidade elegem um conselho que
remediará o problema.
Também não há religião oficial. Os residentes em Auroville são livres
para exercer seus rituais e acreditar no que quiserem, desde que não incomodem
ou tentem pregar suas crenças aos concidadãos.
#partiu
Qualquer um é bem-vindo em Auroville. Para morar lá, o interessado
precisa apenas comprar uma casa. As residências não ultrapassam o preço de
3 mil dólares – cerca de R$12 mil. Caso o novato não tenha condições de comprar
a casa, pode conversar com a comunidade e realizar trabalhos extras para abater
o preço.
Todo mundo precisa ter um trabalho oficial na cidade, mas pode
contribuir em outras funções e produzir sua própria arte, que é remunerada. Portanto, quando chega na cidade, o novo morador
descreve suas aptidões e recebe sugestões de funções que pode exercer.
No primeiro ano que passa na cidade, o novato é observado e avaliado
pela comunidade. Depois de uma ano, período que eles chamam de “estágio”, os
cidadãos de Auroville decidem se a pessoa pode ou não permanecer entre eles.
Caso o pedido seja negado, o valor investido na compra da casa é devolvido
integralmente.
E aí, ficou com vontade de se mudar para Auroville?
Além de
terem trabalhos formais, os moradores ajudam na manutenção da cidade, como no
plantio de árvores.
Artistas
são remunerados com um salário, assim como qualquer outro profissional, além de
faturarem com a venda de suas obras.
Painéis
solares garantem energia gratuita para toda a comunidade.
Auroville
tem moradores de diversas idades e racionalidades.
Restaurantes recebem moradores e turistas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário