quarta-feira, 27 de abril de 2016

BLOG SABER : A FALSA IGNORÂNCIA É TÃO RUIM QUANTO A ILUSÃO DO CONHECIMENTO!


“O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância; é a ilusão do conhecimento”
A frase acima é atribuída ao grande Stephen Hawking. Concordo em gênero, número e grau, tanto que é uma das coisas com os quais eu mais me preocupo no avaliar novas informações, em qualquer circunstância. Mas a ilusão de conhecimento possui uma extremidade oposta, que pode ser tão prejudicial quanto ou até pior, que eu chamarei de “falsa ignorância”.
A “ilusão do conhecimento” a que Hawking se refere não é a ignorância da verdade, como uma pessoa acreditar que algo é X, mas não sabe que algo é Y. A ilusão do conhecimento é a perspectiva onde “sua” verdade é incontestável e deve se sobressair (quer a pessoa o faça consciente ou inconscientemente), mesmo que as evidências apontem para o contrário. Isso nos surpreende... ouvimos pessoas sábias, culta sob todos os aspectos, porém em certos momentos se manifestam por razões que camuflam , não enxergam atrás dos fatos, com visão turva o óbvio que não se torna tão óbvio. 
Já a falsa ignorância  se refere a uma ilusão (“auto” ou não) de humildade perante o que não sabemos e a noção de que isso garante que tudo seja passível de ser verdade.
Não sei, às vezes se penso a verdade...Como saber se é verdade? Usando o bom senso, talvez se encontre tranquilidade...e se erre menos.
Ambos são absurdamente comuns na vida cotidiana, mas se fazem presentes de forma mais enfática, é claro, na internet, especialmente nos comentários de portais e nas redes sociais (e, curiosamente, em sites e blogs céticos e sobre ciência). A ilusão de conhecimento é detectada muitas vezes em adeptos ferrenhos de ideologias políticas e religiosos fundamentalistas; a falsa ignorância geralmente vem junto com adeptos de diversas pseudociências. Mas estão por aí em todas as cores e sabores.
Antes de mais nada, acho importante deixar algo bem claro: Reconhecer que, frente à toda a vastidão do universo e a complexidade da realidade, o que sabemos é quase equivalente a nada é sábio. Agora, ignorar que, mesmo assim, possuímos um considerável corpo de conhecimento que nos permitiu um nível de credibilidade sólido o bastante para construirmos nossa civilização atual baseada nesse conhecimento é, na falta de um termo melhor, puraestupidez.
Aristóteles definia a justiça como “a justa medida”, ou seja, a capacidade de encontrar o “caminho do meio”, o equilíbrio, ao invés de se perder nos extremos. E, embora não seja do meu feitio ficar citando Filósofos à torto e à direito, a justa medida do Filósofo Grego nos ajuda a compreender por que a ilusão do conhecimento e a falsa ignorância são extremos opostos – e perigosos – quando da aquisição de novos conhecimentos.
Quando acreditamos que deter o conhecimento é mais válido do que confiar nas evidências, corremos o grave risco de agirmos baseado numa informação falsa, e isso pode ser extremamente prejudicial (provavelmente isso já aconteceu ao menos uma vez em sua vida), especialmente se você não está disposto a mudar de ideia.
Mas acreditar que não sabemos nada e que, portanto, tudo é válido, é pior, por que você estará disposto a acreditar em virtualmente qualquer coisa e será alvo fácil de charlatães e pessoas de má índole que, na melhor das hipóteses, só vão querer o seu dinheiro (e, na pior, podem convencê-lo a fazer coisas que irão matá-lo). Acreditar numa informação falsa não é brincadeira quando se deixa um filho morrer por acreditar em curas alternativas, por exemplo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário