Em A Garota Dinamarquesa, Eddie Redmayne interpreta alguém que não se vê no corpo de um homem. Ok, ele é Einar Wegener, um pintor dinamarquês, casado, de relativo sucesso. Mas quer assumir sua identidade feminina. E o novo filme do mesmo Hopper reforça o tempo inteiro que esse cara... quer ser uma menina.
Cá, assim como lá, a nova produção do diretor britânico sofre do mesmo problema, o "monotema", como se não houvesse outras nuances na condição humana.
Então, basta que Einar se depare com uma peça do vestuário feminino para que o cineasta dedique uma boa parte das duas horas de projeção para focar, no detalhe, o toque dos dedos do personagem no tecido delicado. É um caminho óbvio que diminui o impacto da obra.
Por outro lado, o trabalho do ator – do andar feminino à fala que dispensa a apelação do falsete – confere ao filme a sutileza que falta no roteiro de Lucinda Coxon e na direção. Em um curto espaço de tempo, Redmayne interpretou papéis marcantes, para o bem (A Teoria de Tudo, que lhe rendeu o Oscar) ou para o mal (O Destino de Júpiter, que quase lhe tirou a estatueta). Mas os varre para o fundo da memória do espectador com essa performance estonteante.
Casado com a também pintora Gerda (Alicia Vikander, em um registro apenas protocolar), Einar Mogens Wegener foi a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança de gênero no mundo e se tornou (se permitiu a ser) Lili Elbe. Isso na década de 1920.
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