A MORTE, ESSA JUSTICEIRA
SANDRO MENDES ... UMA REFLEXÃO SOBRE A MORTE.
A morte deveria ser considerada o fato mais importante da vida. Deveríamos viver sempre conscientes de que, mais cedo ou mais tarde, seremos inevitavelmente abraçados por ela.
O homem que tem a plena consciência de sua morte, ironicamente, vive melhor. Ele sabe que ela poderá alcançá-lo onde quer que esteja e a qualquer momento. Então ele percebe que não é preciso ter medo, pois também o medo nada pode contra o morrer. E é um homem mais equilibrado, sabe que a guerra não leva a nada, pois o rei que a vence hoje será derrotado pela morte amanhã.
Normalmente os valores mais importantes da maioria das pessoas são o dinheiro, o poder e a beleza física. Mas são apenas ilusões. O morrer chega e tudo isso simplesmente deixa de valer. Até os mais bonitos ficam feios depois que morrem. Os ricos ficam pobres e os poderosos também são comidos pela terra.
A morte é uma justiceira. Não há justiça real e plena na vida. A fé de muitos afirma existir justiça no céu, mas não há prova científica disso. A morte ignora a fé e a ciência. E iguala a todos, crentes e ateus, na insignificância da inexistência.
Ela é invencível, eficiente, infalível. Cientistas inventam novos medicamentos e tratamentos a cada ano, os religiosos pedem a Deus, fazem orações, carregam terços e outros objetos, mas a morte continua vencendo, sempre poderosa, sempre fazendo seu trabalho.
Brancos, negros, ricos, pobres, homens, mulheres, todos padecem, queiram ou não. Ela põe todos no mesmo lugar, não está nem aí se a pele é negra ou amarela. Ela não distingue cores. E lembre-se que todos os esqueletos são brancos, o que mostra que até nisso ela é justa, fazendo de todos nada mais que um amontoado de ossos.
É a força mais poderosa da natureza. Tudo morre, tudo muda. Até montanhas e mares já sumiram ao longo dos milênios. A única que não morre e a própria morte.
Por tudo isso, a certeza de morrer deveria balizar o nosso viver. Seríamos menos gananciosos, menos medrosos, menos desonestos, menos agressivos.
Pense nisso: por mais que a gente negue ou tente esquecer, é a morte o fato mais importante da vida.Frase da semana: “A vida nada mais do que uma distância de tempo entre o berço e o caixão. Nascemos para ficar deitados. Ficamos em pé de teimosia.” (Sandro Mendes)
Nenhum comentário:
Postar um comentário