Na última campanha eleitoral, os políticos e os pesquisadores nos enganaram direitinho numa guerra de informações falsas para – não fique surpreso – manipular dados e convencer o eleitor a votar no seu candidato.
Se fizermos uma pesquisa pós eleições veremos que o problema da desinformação nos atingiu em cheio.
Pensávamos estar certos votando em determinados candidatos. Demos com os burros na água, ficamos feio no cenário. O instituto responsável pelo estudo descobriu que boa parte das pessoas (e você provavelmente se inclui nesse grupo) está errada sobre quase tudo. Os participantes da pesquisa precisavam estimar vários índices sociais dos seus países, como taxas de criminalidade, de desemprego e de imigração. E a maioria não só errou, mas errou por muito. “As pessoas não levaram em conta o fato de nunca terem tido acesso a essas estatísticas, e deviam ter sido bem mais cautelosas em suas estimativas”, diz o professor de psicologia David Dunning, da Universidade Cornell, em Nova York.
Talvez a ignorância tenha sido estimulada pelas redes sociais, você pode pensar depois de certamente já ter se afogado pelo menos uma vez no mar de chorume promovido pelas discussões no Facebook. No entanto, você está errado (é bom ir se acostumando). “Medimos atividades de mídia social na análise, e não houve nenhuma relação real entre os níveis de atividade e quão ignorantes as pessoas eram”, diz Bobby Duffy, diretor do Ipsos Mori. “A verdadeira questão aqui não é a mídia ou a rede social, mas como lembramos e somos afetados pelas informações.”
Quando as pessoas se veem diante de dados concretos, costumam não dar lá muita bola. Mas quando ouvem uma história contada por uma pessoa próxima, que pode estar falando a verdade ou espalhando um boato sobre, por exemplo, o corte de políticas de assistência social do governo, aí sim a coisa adquire outro significado, mais real e importante. “Podemos ouvir uma história que até é verdadeira, só que incrivelmente rara e não representativa, mas ela vai colar de um jeito que uma estatística mais abrangente não conseguiria”, diz Duffy.
Ele passou anos estudando e pesquisando comportamentos cognitivos para descobrir que nossa burrice é convicta. Com a ajuda de outros psicólogos, promoveu uma série de entrevistas semelhantes ao quadro de Jimmy Kimmel. Dunning perguntava aos entrevistados se eles tinham familiaridade com conceitos de física, biologia, política e geografia. Um expressivo número alegou familiaridade com termos genuínos como “força centrípeta” e “fóton”. Mas também afirmaram que conheciam coisas inventadas, como “pratos de parallax”, “ultra-lipid” e “cholarine”. “As pessoas não têm um índice interno expressamente separado do que elas sabem versus o que elas não sabem”, explica o professor. E, quanto mais confiança ao responder a uma pergunta, maior é a probabilidade de a resposta estar errada, como mostra a pesquisa do Ipsos Mori (veja abaixo).
O problema é que as pessoas tomam decisões a partir do que acham que sabem, em vez de basear-se nos fatos verdadeiros que desconhecem. É o que chamamos de efeito Dunning-Kruger: a incapacidade de perceber os limites do próprio conhecimento, que leva indivíduos com menos informação a acreditarem que sabem mais do que aqueles realmente entendidos. Os portadores dessa síndrome receberam de Dunning o carinhoso apelido de “idiotas confiantes”. “Os incompetentes são frequentemente abençoados com uma confiança inadequada, afiançada por alguma coisa que, para eles, parece conhecimento.”
É só sei que nada sei...a verdade é difícil de ser descoberta e quando a descobrimos não é plena em veracidade!
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