Uma nova geração de mulheres surge entre as adolescentes que defendem a liberdade de ser e fazer o que quiserem, quebrando padrões de comportamento machistas e traçando um novo rumo do feminismo no Brasil
Fabíola Perez e Ludmilla Amaral Fotos Frederic Jean
Aos 16 anos, Stéphanie Gonçalves Pedroso Ribeiro já tem algumas certezas. Uma delas é que não quer casar, nem ter filhos. Sobrancelhas franzem sempre que ela comenta sua decisão, mas a adolescente está convicta. Solene, anuncia que seu principal objetivo é dedicar-se à carreira de advogada. Mesma profissão da mãe, a procuradora Margarete Pedroso, 46 anos, com quem se iniciou nas conversas sobre o papel da mulher na sociedade, o medo de andar sozinha nas ruas e o tipo de roupa que é permitido ou não usar sem julgamento. Stéphanie é uma das fundadoras do coletivo feminista Tuíra, do Colégio Bandeirantes, em São Paulo. No ano passado, ela e as colegas perceberam que muitas meninas tinham interesse em discutir o machismo na escola. Nasceu, então, a ideia de montar um grupo para resolver problemas do cotidiano. Elas se reúnem para colar cartazes pelos corredores com alertas sobre relacionamento abusivo ou com frases machistas que já escutaram. “Isso me libertou, mas, ao mesmo tempo, é angustiante perceber tudo que as mulheres enfrentam diariamente.” A jovem faz parte de uma geração que descobriu o feminismo muito cedo e encontrou novas formas de lutar por seus direitos. Meninas como ela começam a compreender no início da adolescência que o tamanho da saia não as torna responsáveis por nenhum tipo de violência machista. Essas garotas redefiniram suas prioridades baseadas em anseios pessoais e não em padrões sociais estabelecidos historicamente. “Podemos ser mães, mas podemos não ser. Antes éramos criadas com apenas uma possibilidade, mas hoje há vários caminhos”, diz a estudante.
Por que elas lutam?
Igualdade entre os sexos é a mais importante das vertentes do feminismo. Mas não é a única. Confira:
Igualdade entre os sexos é a mais importante das vertentes do feminismo. Mas não é a única. Confira:
• Liberdade sexual. Viver a sexualidade sem sofrer preconceitos seja qual for a orientação
• Aceitação e amor pelo próprio corpo sem a interferência da sociedade. Entender que o padrão de beleza imposto leva mulheres e garotas comuns a recorrerem a extremos não saudáveis para alcançá-lo
• Escolher a profissão que deseja seguir sem que o mercado imponha o que é trabalho para homem e o que é para mulher
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