Por Amelia Gonzalez, G1
24/08/2018 10h36 Atualizado há 5 horas
Um avião DC-10 despeja retardador de fogo ao longo do topo de uma colina para proteger dois tratores que estavam na direção do incêndio florestal no complexo de Mendocino, perto de Lakeport, na Califórnia, EUA (Foto: Fred Greaves/Reuters)
Os pitorescos condados de Napa e Sonoma, na Califórnia, são dois dos lugares onde há imóveis mais caros para se comprar ou alugar em todos os Estados Unidos. Não sei exatamente o que significa isso em valor monetário, mas acho que qualquer cifra que eu pudesse calcular aqui seria demasiado alta para qualquer um de nós - cidadãos comuns e não bilionários - alcançarmos. Trata-se de uma região que fica muito próxima a florestas, o que a torna essencialmente mais assediada pelos humanos cansados de conviver com tanto asfalto e poluição característicos das grandes metrópoles.
Ocorre que essa proximidade nem sempre é apenas bucólica e não será, certamente no caso da Califórnia e em outros tantos, sem ônus para os moradores. Napa e Sonoma, só no ano passado, foram palco de incêndios florestais de mega proporções que põem em risco a vida das pessoas além de destruírem a biodiversidade e espalharem uma nuvem de fumaça que causa problemas sérios de saúde nos moradores.
Mais de mil quilômetros longe dali, em Seattle, estado de Washington, pela segunda semana consecutiva os incêndios florestais estão tornando a qualidade do ar pior do que o de Pequim, cidade chinesa conhecida pela poluição atmosférica. Nos Estados Unidos, este ano, quase dois milhões de acres de terra se queimaram em 109 incêndios que vitimaram 12 estados. Uma característica do fenômeno produzido este ano está chamando a atenção dos estudiosos do assunto: o clima de Seattle geralmente sempre foi capaz de lidar “sozinho” com a fumaça dos incêndios, comuns na região por conta da seca em determinados períodos do ano. Agora, no entanto, isto não está acontecendo porque a região permaneceu seca e quente por muito mais tempo do que normalmente.
O risco maior à saúde humana vem das partículas menores formadas pela fumaça, que podem causar inflamação nas vias aéreas superiores, asma e até câncer. Uma reportagem no site “Vox” diz que respirar o ar de Seattle hoje é como fumar sete cigarros por dia. E ensina a usar direito as máscaras que podem evitar as doenças. Cenas que, há cerca de uma década ou duas, eram restritas a filmes de ficção científica. Saíamos das salas de cinema com a sensação de que seria muito ruim viver “num mundo desses”.
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