" Na minha época de comunicador
de rádio... nunca fui parado em
Londrina e questionado sobre
ideologia política!"
No calendário
mostrava-se 04 de junho de 1964. Eu, jovem em busca de seus sonhos , deixava a
pequena e inesquecível Centenário do Sul. Afastava de meus familiares e de
tantos amigos e queria realizar o sonho de ser locutor de rádio. Meu amigo
Itamar de Oliveira Grano, tinha conhecidos em Londrina e me acompanhou. Chego
em Londrina e acerto com a antiga Rádio Auriverde gerenciada por Antônio
D'Andrea. Tudo acertado. Fui morar na pensão da dona Chica na Rua Benjamin
Constant . Sem lenço e sem documentos , nada no bolso e nas mãos e simplesmente
falar e ser ouvido por este Paraná afora. Eu não me ligava muito ao mundo
político. Fazia programas musicais destinados aos jovens e muitos curtiam o
programa mexicano : "El México canta para usted", grande audiência. Não
era compensador o que monetariamente recebia, salário curto que dava para as
despesas. Quando fui trabalhar na Rádio Difusora, além de programas da ala
jovem estava também no setor de rádio notícias. De vez em quando se recebia
telegramas dizendo: "Não divulgar tal notícia, tal coisa... os
apresentadores do rádio obedeciam e não descumpriam essas ordens dadas pelos
militares. Nem parece que vivia àqueles tempos de uma ditadura. Eu estava
ali, longe de casa, aprendendo. Falo e digo que nunca fui parado para uma
revista e ninguém me perturbou no meu trabalho e tampouco na faculdade onde
cursava Sociologia. Só se via falar de prisão quando alguém era contra e se
mostrava assim. As manifestações em que tive conhecimento era para um
Brasil livre e democrático e se bradava "Diretas Já". Sabíamos que
havia nos porões da ditadura pessoas torturadas por querer simplesmente
um Brasil livre. Muitas pessoas sofreram e ficaram com sequelas significativas
que não se curaram com o passar do tempo. Uma das vítimas da tortura e de
desgovernos, a jornalista Teresa Urban., falou sem mágoa e com firmeza:
"não é função de um Estado torturar pessoas... também não é função de um
Estado impor uma cor a ser seguida".
Que
cada cidadão brasileira exerça a cidadania e use o coração e expresse sua
vontade em um Brasil livre, democrático e jamais queira o socialismo que nunca
deu certo e deixa um povo clamando no deserto!
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