Photo : Kathrin Harms
Perdemos» 12 carteiras em cada uma das 16 cidades selecionadas. Deixamo-las em parques, perto de centros comerciais, em passeios. Depois, observamos o que acontecia. Os nossos repórteres «perderam» 192 carteiras em cidades da Europa, da América do Norte e do Sul e na Índia. Isto foi a meio deste ano, e em cada uma das carteiras, tínhamos posto um cartão com nome e número de telefone, uma fotografia de família, cupões de desconto e cartões de apresentação, bem como o equivalente a 50 dólares.
Que vergonha!
Era um soalheiro dia de finais de abril em Lisboa, quando, junto a uma oliveira situada em frente à Casa dos Bicos, um fantástico edifício do século XVI, um casal de cerca de 60 anos, vislumbrou uma carteira perdida. Apanharam-na, abriram-na para ver o que tinha dentro e, de imediato, telefonaram para o número de telemóvel que lá estava. Os repórteres das Selecções encontraram-se em seguida com o honesto casal… de turistas, oriundos da Holanda! Ao cabo de dois dias a «perder» carteiras, esta foi a única devolvida. Às restantes 11, com dinheiro e tudo, perdeu-se-lhes o rasto.
Madrid e Praga também ficaram no fim da lista dos «honestos», com apenas duas e três carteiras devolvidas, respetivamente. E em Madrid, tal como em Lisboa, uma das devoluções também foi feita por um estrangeiro. «Não posso ficar com uma coisa que não é minha!», resumiu Lena Jansen, de 22 anos, aos nossos repórteres. «Também já me roubaram a carteira, por várias vezes, e é um incómodo enorme!» Lena, uma estudante natural de Berlim, e a sua colega Beatriz Lopez, de Madrid, também de 22 anos, encontraram a carteira na Rua de Génova, numa zona central e sofisticada da cidade. «Só quisemos devolvê-la», resume Beatriz.
Dois jovens adolescentes que caminham numa zona residencial suburbana carteira, deixada num banco do parque. O rapaz, com um casaco de snowboard cor de laranja e calças de ganga largas, viu-a primeiro e segredou qualquer coisa à companheira, que levava às costas uma mochila cor-de-rosa. O jovem apontou e sentou-se no banco, pondo a mochila que trazia a tapar a carteira.
No bairro de Altstetten, uma italiana aparentando 50 anos apanhou uma carteira no chão, em frente a uma farmácia. Com ar inseguro, entrou com ela. Será que íamos ter notícias? Mais tarde, nessa mesma noite, o telemóvel toca, e é o marido da senhora. Quando os nossos repórteres lhe explicam o teste, o homem responde: «Como bons católicos, jamais roubaríamos o que quer que fosse.»
A quase 1400 quilómetros a sudeste de Zurique, na capital romena, Bucareste, o telemóvel do repórter toca: «Por acaso perdeu a sua carteira?» Combinámos um encontro à porta do AFI Cotroceni, o maior centro comercial de Bucareste, frequentado por romenos de todos os quadrantes. Emil Avram, de 45 anos, e o seu filho Cosmin, de 23, ficam satisfeitos por falar connosco. Quando questionados sobre as razões que os levaram a devolver o achado, responde o jovem Cosmin: «Tê-la-ia devolvido mesmo que não estivesse com o meu pai. Aprendi a ser um homem em casa e nos lugares onde trabalhei.»
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