Talvez você já ouviu falar do “Problema do Mal”. A expressão se refere à mais difícil pergunta da história da teologia cristã: Se Deus é onipotente e bondade, por que ele permite a existência do mal e do sofrimento? Afinal, o que quer a expressão "Problema do Mal"? Antes de tudo, é importante reconhecermos que o mal não é necessariamente um problema no sentido filosófico do termo. O conceito de problema pode ser invertido aqui. Por exemplo, uma perspectiva pessimista e ateísta que afirma a realidade do mal como experiência básica da realidade e nega o divino e o bem, teria de enfrentar o “problema do bem”. Explicando melhor: “se o universo não tem propósito e é absurdo (como sugerem alguns existencialistas ateus, por exemplo), como explicar a experiência do belo, do inefável e do prazer”? Não seria esse um grande problema filosófico? Como disse o famoso biblista australiano Francis I. Andersen: "A rigor, a desgraça humana, ou o mal em todas as suas formas, é um problema somente para a pessoa que crê num Deus único, onipotente e todo amoroso". Isso significa que outras religiões e filosofia não enfrentam um dilema, no sentido de terem de explicar a existência do mal. Mesmo assim, o mal ainda permanece um problema para todos os sistemas de pensamento por causa da questão do sofrimento.
O bem ou o mal - a vida ou a morte
Louvamos a Deus. Ele criou a terra. Toda a vida procede d'Ele. E toda a vida é boa. Assim o acreditamos com fé e, no entanto, experimentamos que no nosso mundo, mesmo dentro de nós, o mal tem muito poder. Em todo o lado podemos encontrar vestígios de Deus e também do mal, mesmo dentro do nosso coração.
Há pessoas que acreditam na existência de dois deuses: um deus bom e um deus mau. Acreditamos, com o povo de Israel, num único Deus. Ele criou toda a vida e quer que as suas criaturas O sirvam em liberdade. Mas elas abusam dessa liberdade e não querem servi-l'O. Israel conta que, entre os anjos que Deus criou para estarem junto d'Ele contemplando a sua glória, alguns rebelaram-se contra o próprio Deus. Não podendo já permanecer junto de Deus, andam pelo mundo dos homens espalhando o mal. Dentre eles, existe um ao qual chamamos "demônio", que procura separar os homens de Deus e arrastá-los para si. S. Pedro aconselha-nos a estarmos atentos às tentações do mal e à fraqueza humana. Por isso diz-nos: "Sede sóbrios, estai vigilantes: o vosso inimigo, o demónio, anda à vossa volta como um leão que ruge, procurando a quem devorar. Resisti-lhe firmes na fé" (1 Pd 5,8-9).
Acreditamos que Deus destruirá as forças do mal, no último Dia, quando Ele fizer acabar o mundo. Então começará uma nova vida, definitiva (cf. Ap 20,7-14).
Mas enquanto decorre o tempo histórico, o mal continua prejudicando os homens. O homem é livre: pode colocar-se do lado de Deus, escutar a sua Palavra e colaborar com Ele. Mas pode também pôr-se do lado do demónio, ser seu interlocutor e fazer mal a si próprio e ao mundo.
A Bíblia conta-nos uma história-chave sobre Adão e Eva, o "primeiro homem". Uma história que se refere a todos os homens, qualquer que seja o momento e o lugar em que vieram ao mundo.
Eva conhece perfeitamente o mandamento de Deus. Sabe que se trata de vida ou morte.
E, contudo, ela escuta a voz do tentador: "ser como Deus", "conhecer o bem e o mal", parece-lhe apetecível. Eva come do fruto da árvore proibida e dá-o também a comer a Adão. Abrem-se-lhes os olhos, reconhecem a sua própria miséria, a sua própria debilidade. Escondem-se de Deus e receiam Aquele que é seu amigo.
Através de Eva, a mãe de todos os viventes, todos os seres humanos participam dessa mesma culpa (o pecado original). Uma dura herança. Os homens estariam perdidos se Deus não os amasse e não lhes permanecesse fiel.
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