quinta-feira, 9 de maio de 2019

CARTA DO JORNALISTA PAULO BRIGUET A RUTH FERREIRA QUE PARTIU PARA O CÉU!


"Repasso aos seguidores do Blog Comunicandopararefletir esta carta do Jornalista
da Folha de Londrina, Paulo Briguet a sua querida amiga Ruth que deixou esta vida
e foi para o céu!"
Querida Ruth,

Hoje a sua filha me disse que você partiu. Por que tão cedo, minha amiga? Tenho aqui comigo uma segunda garrafinha com água benta do Santuário de Aparecida, que estava reservada para você. A primeira garrafinha eu lhe dei há um ano e meio, quando viajei para a terra da Padroeira e Rainha do Brasil. A Lenise me contou que o simples ato de borrifar a água sobre um braço que doía lhe causou imenso alívio e paz.
 Depois da cirurgia de catarata (deixe-me adivinhar: foi no Hospital de Olhos, não?), você passou a ler a Avenida Paraná todos os dias, com maior facilidade. Antes, era a Lenise que lia a coluna para você. Ela também revelou que você colecionava minhas crônicas, recortando-as e guardando-as em uma pasta. Maior elogio não pode haver para um escritor, Ruth. É para gente igual a você que eu trabalho todos os dias.
 Você nasceu em Formiga, Minas Gerais, numa família de seis irmãos. Depois, mudou-se para Belo Horizonte, onde se casou com Valdemar Jentzsch, companheiro da vida inteira. De volta a Minas, desta vez em Belo Horizonte, nasceram-lhe seus três filhos: a Luciane, a Lenise e o Ricardo.
 Nos momentos de alegria ou dor, você sempre repetia as mesmas frases:
 “Tenha fé.”
 “Agradeça a Deus.”
 “Ame as pessoas.”
 Assim, nada de mau poderia lhe acontecer. Os dias de sofrimento eram apenas capítulos na história da salvação. Lenise disse, quando conversamos ontem que você tinha o poder de acalmar, de acalentar, de orientar. Você foi um norte na vida de muita gente, Ruth.
O nome Ruth tem origem hebraica, sendo a personagem feminina que dá título a um dos livros do Antigo Testamento. Ruth tem dois significados: “amiga” ou “visão da beleza”. São sentidos correlatos, pois referem-se a uma pessoa que todos se alegram em ver. Exatamente você, Ruth.
 Você partiu pouco antes do Dia das Mães e no mês de Nossa Senhora, a quem tanto amava. A exemplo de Maria, você tinha o dom de cuidar das pessoas — e sabem muito bem disso os pacientes do Hospital do Câncer, a quem você visitava e levava a comunhão.
 Sabia que estava indo embora. Na segunda-feira, chamou a família, conversou com os três filhos e pediu a presença do Padre Mauro, que lhe fez a unção dos enfermos. Disse a ele, pouco antes de sofrer a primeira parada cardíaca:
 — Padre, estou partindo. Minha missão foi cumprida.
 Mas devo dizer que você me deixou com dois problemas, Ruth. Um deles é de fácil resolução: vou dar a garrafinha com a água de Aparecida à sua filha Lenise, que também é nossa querida amiga e colega de trabalho. Quanto ao segundo problema, permanece em aberto: — Onde encontrarei o meu sétimo leitor?



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