"Repasso aos seguidores do Blog Comunicandopararefletir esta carta do Jornalista
da Folha de Londrina, Paulo Briguet a sua querida amiga Ruth que deixou esta vida
e foi para o céu!"
Querida Ruth,
Hoje a sua filha me disse
que você partiu. Por que tão cedo, minha amiga? Tenho aqui comigo uma segunda
garrafinha com água benta do Santuário de Aparecida, que estava reservada para
você. A primeira garrafinha eu lhe dei há um ano e meio, quando viajei para a
terra da Padroeira e Rainha do Brasil. A Lenise me contou que o simples ato de
borrifar a água sobre um braço que doía lhe causou imenso alívio e paz.
Depois da cirurgia de
catarata (deixe-me adivinhar: foi no Hospital de Olhos, não?), você passou a
ler a Avenida Paraná todos os dias, com maior facilidade. Antes, era a Lenise
que lia a coluna para você. Ela também revelou que você colecionava minhas
crônicas, recortando-as e guardando-as em uma pasta. Maior elogio não pode
haver para um escritor, Ruth. É para gente igual a você que eu trabalho todos
os dias.
Você nasceu em Formiga,
Minas Gerais, numa família de seis irmãos. Depois, mudou-se para Belo
Horizonte, onde se casou com Valdemar Jentzsch, companheiro da vida inteira. De
volta a Minas, desta vez em Belo Horizonte, nasceram-lhe seus três filhos: a
Luciane, a Lenise e o Ricardo.
Nos momentos de alegria
ou dor, você sempre repetia as mesmas frases:
“Tenha fé.”
“Agradeça a Deus.”
“Ame as pessoas.”
Assim, nada de mau
poderia lhe acontecer. Os dias de sofrimento eram apenas capítulos na história
da salvação. Lenise disse, quando conversamos ontem que você tinha o poder de
acalmar, de acalentar, de orientar. Você foi um norte na vida de muita gente,
Ruth.
O nome Ruth tem origem
hebraica, sendo a personagem feminina que dá título a um dos livros do Antigo
Testamento. Ruth tem dois significados: “amiga” ou “visão
da beleza”. São sentidos correlatos, pois referem-se a uma pessoa que
todos se alegram em ver. Exatamente você, Ruth.
Você partiu pouco antes
do Dia das Mães e no mês de Nossa Senhora, a quem tanto amava. A exemplo de
Maria, você tinha o dom de cuidar das pessoas — e sabem muito bem disso os
pacientes do Hospital do Câncer, a quem você visitava e levava a comunhão.
Sabia que estava indo
embora. Na segunda-feira, chamou a família, conversou com os três filhos e
pediu a presença do Padre Mauro, que lhe fez a unção dos enfermos. Disse a ele,
pouco antes de sofrer a primeira parada cardíaca:
— Padre, estou partindo.
Minha missão foi cumprida.
Mas devo dizer que você
me deixou com dois problemas, Ruth. Um deles é de fácil resolução: vou dar a
garrafinha com a água de Aparecida à sua filha Lenise, que também é nossa
querida amiga e colega de trabalho. Quanto ao segundo problema, permanece em
aberto: — Onde encontrarei o meu sétimo leitor?
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