Que bom ouvir a Rádio Paiquerê FM... quatro décadas informando e distraindo seus ouvintes. O proprietário , jornalista, Ricardo Spinosa, 79 anos, está comemorando os 40 anos da Rádio Paiquerê FM, 98,9, em plena forma. Ganhou muita credibilidade. O espaço diário batizado "Comentário Final de Ricardo Spinosa" é uma das marcas do profissional que faz do ofício, rotina de prazer. “Deixo sempre claro que o comentário é a minha opinião”, reforça, enquanto conta suas experiências.
Era 5 de maio de 1979, um sábado, quando o engenheiro Mauro Gaetta colocava em funcionamento o transmissor Telavo e a rádio entrava no ar.
Ele conta sobre a inauguração da rádio: “Eu estava sentado no estúdio central, o engenheiro no topo do prédio, conectando a antena. Quando havia acabado de conectar o cabo, pediu para eu colocar uma música para fazer um teste”. Ao acaso, “Nabucco”, ópera de Giuseppe Verdi, foi a primeira a tocar na Paiquerê. “Já era de noite, peguei o primeiro long play, que estava mais perto de mim, tirei da capa, coloquei no toca-discos - da marca Technics, até hoje guardado. Sem querer, olhei no relógio digital, eram 21h12. Foi nesse momento que a rádio começou a funcionar. Até hoje eu conto isso e gosto sempre de rodar a música”. Os discos que Spinosa tinha à disposição foram doações de amigos, que o ajudaram na coleção.
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Um dos momentos mais ousados também tem data: 28 de fevereiro de 1986. Foi quando Spinosa decidiu tocar, na FM, música caipira. “A emissora ia de mal a pior até que em um acesso de loucura, de minha parte, descobri que nosso responsável comercial em São Paulo havia assumido a direção da Rádio América na capital. Pertencia à Cúria Metropolitana de São Paulo com a responsabilidade de fazê-la crescer. Estava explodindo. Era onde Hebe Camargo e Gugu Liberato tinham programa. Estavam tocando o todo tempo a música popular sertaneja. Pedi uma cópia da programação para o Carlão, pois eu não tinha nada a perder. Ele me deu a cópia e no dia 28 de fevereiro de 1986, às 6 horas da manhã, comecei a tocar na FM Roberto Carlos, Chitãozinho e Xororó, Tonico e Tinoco, Sérgio Reis e foi por aí afora. A nossa grande sorte era que no Brasil inteiro todas as emissoras de FM daquele tempo tocavam uma danada de uma música chamada 'Julieta', tive que tocar de hora em hora. Ainda hoje, pelo que sei, tivemos um recorde de telefonemas: 525 ligações, das 7 às 19 horas pedindo num dia só para tocar essa música. Isso foi por três dias, 15 dias, 20 dias, um mês. Aí foi acalmando e a nossa programação, estilo povão, se firmando e nós chegamos com ela a ser líder no Ibope, merecendo respeito e admiração do público. É uma das três FMs mais potentes do interior, no Sul do Brasil. Trabalha com 50 mil watts de potência”, orgulha-se.
INFORMAÇÃO E COMPANHIA
O rádio é uma companhia e tanto. Permite que outras atividades sejam cumpridas sem comprometimento e até as torna mais agradáveis. Para quem está no trânsito e a caminho do trabalho, para quem limpa a casa, cozinha, costura ou caminha ao ar livre. Spinosa define: “O rádio é insubstituível. Quando a televisão começou a crescer, disseram que era o fim do rádio, mas o imediatismo do rádio é insuperável, no rádio não há relativa rapidez, é rápido, é na hora, é em cima e ele é companheiro. Pode ser levado até ao banheiro e chegou primeiro, além de ter algo muito extraordinário”. E emenda: “Quando o repórter conta um acidente, um evento ou acontecimento, coloca o ouvinte a pensar. É insubstituível”, expõe.
Sobre a evolução pela qual passaram a profissão e os meios de comunicação, defende a essência. Presente em plataformas como Spotify, Deezer e Apple Music, há conteúdo até para ser visto no YouTube. “Crescemos, o tempo foi passando, ganhamos experiência e fui operador e locutor ao mesmo tempo. Abria a rádio e foi um crescimento natural. Se existimos, é graças a uma evolução do ser humano, da tecnologia e do conhecimento. Se o jornalismo está aí, é graças a tudo isso. O amor à profissão não pode se perder, sempre tive um respeito muito grande pela profissão. Desculpem a falta de modéstia. Sou um jornalista honesto. Não pensem que só recebo elogios e tenho consciência de que a crítica que está sendo feita a um comentário meu é porque o ouvinte quer discutir o assunto. Do meu saudoso pai, guardei algumas pérolas como a de que o saber não ocupa espaço. Eu gosto muito e fico muito feliz se erro ao pronunciar uma frase e o ouvinte corrige, pois é para quem eu trabalho e isso me realiza profissionalmente”, diz.
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