Paulo Briguet, jornalista da Folha de Londriana:
Não são as meras palavras que movem as pessoas, são os atos. O melhor argumento do mundo não vale um bom exemplo. Mas, quando as palavras e os atos coincidem com a realidade, o milagre acontece. E nós precisávamos deste milagre: que um simples diácono nos mostrasse o que está momentaneamente errado e o que está eternamente certo na Igreja de Cristo.
Na sexta-feira, às portas da Catedral de Londrina, Sirineu Pedrazani falou — e falou bem, falou a verdade, falou o que estava entalado em nossas gargantas. Disse, em outras palavras, melhores e mais simples do que estas, que a Igreja é de Cristo, não de um partido; disse que o vermelho de uma ideologia perversa não pode substituir o vermelho do sangue dos mártires; disse que buscamos a eternidade, não a agenda; disse que esperamos a salvação, não a eleição. Sirineu falou e disse.
Porém, muito mais do que falar e dizer, Sirineu fez. Eu acredito profundamente que os nomes dos homens às vezes são pistas deixadas por Deus para que compreendamos melhor a realidade. Sirineu é quase um homônimo perfeito de Simão Cireneu, o camponês chamado a carregar a cruz de Cristo por um trecho do Calvário. Narra São Marcos: “Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe a púrpura e puseram-lhe as vestes. Então o levaram para fora, a fim de o crucificar. Obrigaram a Simão Cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que passava, vindo do campo, a carregar a cruz de Jesus”. (Mc 15, 20-21)
Às portas de nossa Catedral, a Igreja do Coração de Jesus, Sirineu fez como Cireneu. Ao dizer aquelas palavras para um pequeno grupo de 100 católicos, entre os quais se achava este cronista de sete leitores, Sirineu honrou seu nome e ganhou a admiração de toda uma cidade, de todo um povo. Mais de 200 mil pessoas, até o momento, já ouviram sua pequena homilia pela internet.
Sirineu é diácono aqui na nossa paróquia, onde temos a alegria de contar com os padres Romão e Aristides. Há doze anos, desde que me casei, acompanho a trajetória desse querido homem de Deus. Foi ele quem ministrou o sacramento do batismo ao meu filho Pedro, sorrindo e brincando ao ver o pequenino cristão: “Posso levar esse menino pra mim?” Foi ele quem, há um ano, comoveu toda a nossa comunidade, ao sofrer a perda de uma netinha, de apenas seis meses. Ah, Sirineu, você não sabe como nós choramos a sua dor!
Embora as palavras de Sirineu tenham sido belas e justas, não foram elas que mais tocaram as pessoas; foi a sua coragem, foi o seu gesto, foi o seu feito. Sirineu, a exemplo do homônimo do Calvário, não convence, comove. Sirineu, qual um novo Cireneu, carregou a cruz. É isso que nos emociona, nos perturba e nos convence. É isso que nos salva.
Oremos por nosso irmão Sirineu — aquele que carregou a cruz.
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