Ícone da literatura, cinema e TV, centenário herói espadachim
volta
repaginado em filme pós-apocalíptico e uma série de
quadrinhos de terror.
Por Abonico Smith
O ZORRO DA SÉRIE DE TV FEITA ENTRE 1957 E 1961
Ele apareceu pela primeira vez na revista semanal All-Story Weekly, na edição publicada em 9 de agosto de 1919.
Criada por Johnston McCulley,é um
escritor especializado em fabricar tramas ficcionais para livros e revistas de baixo custo (que deram
origem à expressão pulp fiction), ahistória A Maldição de Capistrano fez tanto
sucesso que no ano seguinte ganhou uma adaptação para as grandes telas, com o
novo nome de A Marca do Zorro. O protagonista era o então quase quarentão Douglas Fairbanks, galã daquele período inicial
da época de ouro dos grandes estúdios norte-americanos. Foi o que bastou para o
personagem Zorro – cujo nome é o equivalente à palavra raposa na língua espanhola – ser eternizado no imaginário da cultura
pop do Século 20, tornando-se um personagem tão importante do cinema e literatura
(quadrinhos,
inclusive), como o Batman, o Super-Homem e o Tarzan.
Para criar seu personagem, McCulley se inspirou em uma lendária figura dos meados do século 19. Joaquín
Murieta flutuava entre as atitudes patriotas e marca do bandoleiro,
defendendo os índios nativos californianos dos ávidos e inescrupulosos “gringos”
durante o período conhecido como a febre do ouro, quando o metal precioso desencadeou uma súbita migração em
massa para o ocidente do território dos EUA, em busca de prosperidade
financeira e, a reboque, a motivação gananciosa de ocupar as novas terras
não importando quem já estivesse por lá. Por isso, Zorro ficou bastante conhecido por sua habilidade na luta com a espada. A
indumentária incluía também chapéu, uma pequena máscara para ocultar o rosto e ninguém
descobrir a identidade secreta de Don Diego Vega, um galanteador que finge ser rico para conquistar as mulheres da casta
mais nobre da região do Pueblo de Los Angeles. O sucesso instantâneo de Zorro deu gás suficiente
para McCulley escrever mais 60 histórias literárias com sobre as aventuras
de Vega que deixava como marca registrada na roupa daqueles que combatia três rasgos
formando a letra Z. Outros três longas foram lançados nos cinemas até 1940, sendo Fairbanks o intérprete também no
segundo e, depois, sucedido por Robbert Livingston e Tyrone Power. A produtora do filme de
1936, com Livingston, também produziu cinco seriados para as telonas entre 1937 e 1949. Entre as modificações apresentadas por estes
projetos estavam uma versão pós- industrial (com carros, trens e aviões), a troca da
espada por um revólver e a presença de uma protagonista feminina, batizada
como Chicote Negro.
Em 1957, a Disney adquiriu o direito do personagem para um seriado televisivo que durou até 1961, teve 78
episódios gravados, eternizou o relinchar sobre duas patas do cavalo Tonto, alçou o
Sargento García ao posto de principal nome entre os antagonistas militares e
gerou várias histórias em
quadrinhos, desenhadas por Alex Toth, o ilustrador e animador que criou personagens míticos de Hanna-Barbera
como Space Ghost, Herculóides, Homem Pássaro, Galaxy Trio e Jonny Quest. Dos anos
1960 em diante, Zorro ainda foi adaptado para muitas outras produções especiais para o cinema e a TV (uma no Brasil, exibida
pela Bandeirantes), mais novelas e desenhos e outros tipos de animações (inclusive um
anime japonês na década de 1990).
Está previsto para chegar em breve nos cinemas uma nova versão de Zorro, com as atualizações necessárias que o
personagem precisa apresentar neste Século 21 para ganhar novos fãs e voltar a ser um grande
sucesso popular. Jonas Cuarón,
filho do diretor mexicano Alfonso Cuarón, assina o filme, inclusive seu
roteiro. O ator mexicano Gael García Bernal estará no elenco mas não será o
protagonista. Ele será o mentor e professor de uma jovem interpretada pela atriz
Kiersey Clemons, birracial e queer, em um futuro pós-apocalíptico. Nesta versão
futurista, com cenas rodadas nestes meses de junho e julho na República Dominicana
e que se chamará apenas Z, Zorro estará atrás de um governante tirano e
enfrentará seus capangas mercenários. Enquanto ainda não se define a data de lançamento
do novo longa-metragem, os fãs da criação de McCulley podem comemorar o
centenário do personagem com uma nova série de quadrinhos de terror com o
personagem. Zorro: Sacrilege foi produzida pela editora independente American Mythology,
com as histórias (e algumas capas) desenhadas pelo brasileiro Mauricio Melo.
A capa da edição de estreia trouxe a assinatura de Michael Kaluta, lenda das HQs
de Heróis e pulps na ativa desde os anos 1970 e que já faz diversos trabalhos para
editoras como DC/Vertigo, Marvel e Dark Horse.
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