É um livro interessante que aborda a questão do envelhecer. Em uma hora fiz uma leitura rápida. Algumas artistas como Xuxa e Madonna. Ícones de beleza, chegaram ao auge do sucesso nos anos 1980 e acumularam fortunas consideráveis. A Rainha dos Baixinhos e a Rainha do Pop influenciaram toda uma geração, desafiaram conceitos e quebraram paradigmas. Agora, aos 56 e 60 anos respectivamente, enfrentam um dilema semelhante: críticas por estarem envelhecendo e a forma como lidam com isso. Avessa aos tratamentos estéticos mais invasivos – aos quais seu corpo não responderia bem . Já Madonna, apesar do sucesso do seu recém-lançado álbum "Madame-X" que a colocou pela nona vez no topo da lista Billboard 200, também não escapa das críticas por conta da idade. A cantora chegou a declarar que está sendo punida por ter completado 60 anos e que se fosse um homem esses comentários não existiriam.
A professora e antropóloga Mirian Goldenberg explica que esta é uma questão que afeta sobretudo as brasileiras, que vivem em uma cultura que valoriza o corpo jovem e sensual. Para seu último livro: “Liberdade, felicidade e foda-se!”, publicado pela Editora Planeta, ela realizou uma pesquisa com mais de cinco mil homens e mulheres de 18 a 98 anos e relata diversos casos de como as pessoas lidam com o envelhecimento, inclusive ela própria. “Sempre tive projetos que não passavam pela aparência mas mesmo assim tive uma crise aos 40 anos em função das pressões dos dermatologistas, das amigas. Sofri um pouquinho até que comecei a escrever e a pesquisar sobre envelhecimento e felicidade. Meu novo livro é resultado do meu projeto de vida de viver a minha própria velhice com mais liberdade e com muito mais felicidade.”
As mulheres têm medo de envelhecer? Por que?
As mulheres brasileiras têm muito medo de envelhecer, em outras culturas não é assim, eu pesquisei mulheres alemãs e elas nem falam em envelhecimento. Aqui, antes dos 30 (anos), as meninas já estão muito preocupadas com o envelhecimento, muitas já estão colocando Botox, fazendo cirurgia. Aqui nós envelhecemos muito cedo, psicologicamente e culturalmente. O medo é muito associado à perda do capital físico, do corpo como capital, como eu falo em vários estudos, do corpo jovem, do corpo magro, do corpo sensual, do corpo bonito. As mulheres têm pânico de envelhecer porque têm medo dessa perda de capital físico e ao mesmo tempo, medo da invisibilidade social porque as mulheres brasileiras são destinadas e sofrem muito com o tipo de invisibilidade que ocorre muito precocemente. A partir dos 40 elas já são consideradas velhas, às vezes até antes. Então é por isso, é um medo que é resultado de uma cultura que valoriza extremamente o corpo jovem, sensual, em forma, das mulheres.
As mulheres pressionam porque elas são pressionadas. Está introjetado em cada uma de nós essa necessidade de ser jovem, de ser magra, de ser bonita, de se cuidar. É uma cultura que pressiona muito, de diferentes formas, a mulher brasileira a ser sempre jovem, bonita, cuidada. Eu passei alguns meses na Alemanha e tive a maior dificuldade de encontrar um salão de beleza para fazer as unhas, pintar o cabelo, aqui em cada esquina você encontra um, dois salões. Porque aqui o corpo da mulher é considerado um capital e ela deve investir muito nesse corpo. Quando ela não investe ela é considerada culpada por estar envelhecendo, por estar gorda, por não estar cuidando da sua pele, do seu cabelo, como deveria. Existe uma pressão, não das mulheres, mas da cultura que é introjetada pelas mulheres que reproduzem essa pressão na relação com outras mulheres.
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