sexta-feira, 15 de maio de 2020

HOMEM DO CAMPO FALA DE SUA ROÇA QUERIDA, RAZÃO DE SUA VIDA!

                 Senhor João Tenório, de Ortigueira perto de Curitiba, fala de seu amor pela roça... são suas simples palavras!      
                    Ele escreveu com seu jeito simples , são suas palavras, que nos mostram o mundo encantado que é a roça. Não importa se as coisas não estão escritas de acordo com a língua portuguesa, porém reflete o que pensa e poetisa o simples homem do campo:     

" Mais tem coisas interessantes, em um passado distante , coisas feito rico tesouro importante, que é bom você saber . Detalhes da vida do campo , do doce remanso , onde eu fui nascer. Papai levantava cedinho, ia pro retiro ,tirar leite quentinho, para nós bebe. Depois, limpava o mangueiro, lá era chiqueiro, engorda dos capados, uns porco ajeitado , trem bão de comer.
   Deles nos tinha a gordura , pra toda fritura , comida boa e pura, que mamãe caprixava, nas panela ariada , que até brilhava , dava gosto de ver. Mamãe tinha todo capricho e bom trato, com tudo de fato , na casinha de chão batido, coberta de sapê. No quintal, nós tínhamos bastante galinha, um cão perdigueiro, o garda do terreiro, e mais um casal de ganço, nossa campaínha , que algazarra fazia, se alguém chegava na porteira nem precisava bater.
      Papai tinha um alazão de carroça, dos bons, manso e de montaria, era nosso transporte, pra cortar o estradão de noite ou dia , com chuva ou sol de muita serventia.
    Nois plantava e colhia, um pouco de tudo, até tinha fartura, dava muita verdura, um pomar bom de frutas, docinha docinha, laranja, limão , ameixa ,caqui, goiaba, jaboticaba, dava até abacaxi . 
    Me lembro bem da passarada, dos cantos e sons, assobios e tons variados, era o mundo enfeitado , com belezas dali , a flores tinham perfumes que iguais numca vi. Sem contar as brincadeiras da criançada , que parecia que tinha mais graça. Pique esconde, estilingue, pião, bolinha de gude, boneca de milho, carrinho roda de cabaça .Tempo bom , quando nós corría pra porteira, ver a choradeira das rodas de madeira, quatro junta de primeira, na frente o cabeceira, do lado o compadre Madureira , como um maestro de orquestra pra nois era festa ver o velho carro de boi , adestrado com zelo e trato, descendo a ladeira, estrada de terra vermelha , roncando e fazendo zueira, deixando só poeira de rastro."

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