- No momento da Eucaristia, o padre Gianantonio Borgonovo orientou os cerca de 30 fiéis presentes nesta segunda-feira (18) na primeira missa após 70 dias na Duomo, catedral símbolo na cidade de Milão, na Itália.
"Peço que recebam a comunhão nas mãos. Passaremos pelos bancos. Quem estiver de pé irá recebê-la. Quem não quiser, permaneça sentado", avisou Dom Borgonovo.Padre Gianantonio Borgonovo, em Milão: 'Peço que recebam a comunhão nas mãos' Foto: Fernanda Massarotto
Dessa vez, o ritual católico ocorreu sem a tradicional fila diante do sacerdote, que também não levou a hóstia diretamente à boca de cada fiel.
Antes da cerimônia, iniciada às 8h, o pequeno grupo de católicos italianos presente na Capela Feriale (situada dentro da Duomo) logo percebeu as mudanças neste retorno das missas em toda a Itália, após a interrupção determinada pelo lockdown para conter a propagação do coronavírus no país.Na entrada, termômetros para medir a temperatura e a obrigatoriedade do uso de máscaras. A distância de um metro entre as pessoas foi demarcada por adesivos colados nos bancos da capela, que indicavam onde cada um poderia sentar.
Adesivos foram colados nos bancos da capela para assegurar distância entre os presentes Foto: Fernanda Massarotto
SEM ABRAÇOS OU APERTOS DE MÃO
Outra orientação aos presentes: nada de abraços ou apertos de mão durante o momento da Paz de Cristo, somente um gesto de inclinação com a cabeça.
O início da segunda etapa da fase 2 do lockdown, iniciado dia 11 de março, foi marcado pela reabertura do comércio e das igrejas em todo o território italiano.
- "Para mim é uma alegria", conta o aposentado, ex-bancário, de 84 anos, Gianfranco Lanza, que religiosamente frequentava a missa das 7 da manhã no Duomo. "Ontem, domingo, quando ouvi pela tv que a catedral seria reaberta me senti aliviado. Moro sozinho e estar aqui tem um significado especial. É como voltar à normalidade".
- Aposentado Gianfranco Lanza, de 84 anos: alívio por retorno à igreja Foto: Fernanda Massarotto
O silêncio que precedeu o início da missa só foi interrompido pela entrada de Dom Borgonovo acompanhado de dois padres. "Não nos víamos desde o dia 9 de março, última segunda-feira antes do início do toque de recolher. Senti muito a falta de vocês. E tenho certeza que vocês sentiram a falta de estar aqui em companhia de Jesus", disse o sacerdote, visivelmente emocionado.
Fé, esperança, amor e solidariedade foram as palavras proferidas pelo monsenhor para confortar os fiéis. Uma cerimônia simples e breve mas muito esperada por quem há mais de dois meses só acompanhava missas pela TV ou internet.
'AGRADECIMENTO APESAR DA DOR'
Católica italiana Maria Teresa Dellavedova perdeu a mãe para a Covid-19 Foto: Fernanda Massarotto
Ainda nesta segunda, a Catedral abrirá as portas para o público que queira assistir às missas em três outros horários: 11h, 13h e 17h30. "Venho todos os dias. E agora posso retornar à minha rotina", contou a filipina Maria Victoria Payaj, 52 anos, que trabalha em um loja no centro de Milão. "Eu entro às 8h no trabalho, chegarei atrasada mas esse é um momento muito importante na minha vida. O reencontro com Deus. Sei que meus patrões irão entender".
Maria Teresa Dellavedova se emocionou muito. "Não tenho palavras para descrever o que sinto. Perdi minha mãe que hoje completaria 86 anos. Ela morreu infectada pelo vírus. Eu e meu marido também testamos positivos e nos recuperamos. Estou aqui para agradecer a Deus apesar da dor e do sofrimento. Espero agora, o dia 25 para poder me confessar", disse a italiana, com lágrimas nos olhos.
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