"O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aumentou, desde março, sua taxa de aprovação de 26% para 38%, segundo pesquisa da Exame/IDEIA. Parte da explicação pode ser o auxílio emergencial de R$ 600 mensais distribuído para 44% dos brasileiros. Mas não deve ser este o único fator. Difícil imaginar que quem considera o presidente um “genocida” mude de opinião após receber dinheiro.
É provável que muita gente não culpe governantes pela pandemia. Pode parecer odioso para quem não gosta do presidente, mas a chegada do coronavírus ao Brasil era inevitável. O tamanho do estrago, é claro, poderia ter sido menor caso nossos políticos fossem mais eficientes. Isso não vale só para Bolsonaro, mas também para governadores que agiram de maneira mais responsável do que ele.
João Doria (PSDB), por exemplo, copiou de Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, o plano de retomada ao normal considerando as diferentes fases da pandemia. Melhor copiar Leite do que Bolsonaro – mas, ainda assim, é plausível rejeitar a atuação do governador paulista. Posso crer, por exemplo, que Doria desperdiçou a chance de implementar um amplo programa de testagem e isolamento social.
O ponto é: atribuir responsabilidade política exclusivamente ao presidente pela calamidade do coronavirus talvez seja coisa de quem já não gostava dele por outros motivos. Esse raciocínio é incerto, mas há algumas pistas. De acordo com a pesquisa da Exame/IDEIA, o pico de rejeição a Bolsonaro – 54% – ocorreu no início de junho. Agora está em 43%, apenas um pouco mais do que os 40% do fim de março.
Os cenários para o longínquo segundo turno de 2022 mostram o presidente em ampla vantagem. Caso Lula (PT) se torne ficha-limpa até lá, teria 31% contra 42% de Bolsonaro. Contra Sergio Moro, Bolsonaro cairia para 38% e o ex-juiz também ficaria com 31%.
Óbvio que ainda há muito chão até lá, mas não são números de um presidente em queda livre.
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