sábado, 24 de outubro de 2020

COMO VAI VOCÊ...TEVE UM BOM DIA? PARE TUDO E VAMOS ORAR PELO BRASIL!

  


por Gaudêncio Torquato


 

Pai nosso que estás no Céu, santificado seja o vosso nome! Pedimos as suas bênçãos, Senhor, nesse tormentoso ciclo. Ouça nossa prece, Senhor. É bem verdade, Senhor, que habitamos um território belo e imenso, do tamanho de um continente, que até abriga a maior reserva de água doce do mundo.. Estamos ameaçados de perder os 20% das espécies que habitam o planeta. Pero Vaz de Caminha certamente tinha razão, Senhor, na carta escrita ao rei Dom Manuel em 1º de maio de 1500, ao descrever que a terra descoberta pelo comandante português Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril, "em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem". Também é verdade, Senhor, que mãos sorrateiras surrupiam parcelas das nossas riquezas naturais.
Agradecemos, Senhor, pela extrema generosidade com que nos agraciou, dando-nos terra tão rica, onde se plasmou a índole de uma gente singular, assentada em um "processo de equilíbrio de antagonismos", como ensina o mestre Gilberto Freyre: as culturas europeia, indígena e africana; o católico e o herege; o jesuíta e o fazendeiro; o bandeirante e o senhor de engenho; a paulista e o emboaba; o pernambucano e o mascate; o bacharel e o analfabeto; o senhor e o escravo". Mas as desigualdades têm se expandido ao longo de séculos.
Que venha a nós o vosso Reino!  Antes que a extrema pobreza volte a massacrar a base da nossa pirâmide social. Irmãos contra irmãos. A violência urbana volta a assolar bairros, ruas, vielas das grandes e médias cidades. 
Dai-nos, Senhor, bom senso. Queremos paz. Tempos bucólicos aqueles dos dias de ontem.
Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu. Que a vossa vontade, Senhor, chegue até nós sob a paz dos céus baixando no nosso território, elevando os menos favorecidos a degraus superiores e dando aos habitantes do alto da pirâmide social nobreza de espírito para minorar desigualdades e enxugar as lágrimas dos aflitos.
empregos para os desempregados, Senhor, e outros milhões não têm recursos para comprar comida em quantidades necessárias para sua sobrevivência. Falta pão sobre a mesa nos lamacentos espaços das periferias das grandes cidades, onde favelas, palafitas, construções de papelão e lonas plásticas desenham a estética da miséria.
O pão nosso de cada dia nos daí hoje. Esse pão que é para uns e escasso para outros. Rogamos, Senhor, que injete na consciência dos homens públicos o dever sagrado de cumprir sua missão sem manchas. Temos uma eleição no próximo mês. Ilumine, Senhor, a consciência dos candidatos, fazendo-os assumir compromissos para garantir qualidade aos serviços públicos. E não permitam aumentos exagerados de impostos.
Perdoai as nossas ofensas. Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. O perdão, Senhor, é para as ofensas do nosso cotidiano, essas comuns que se revelam em deselegância na interlocução, em gestos mal educados que ferem a sensibilidade do interlocutor. Mas assaltantes do Estado, que formam as milícias do poder invisível, esses precisam prestar contas à Justiça.
E não nos deixei em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém!

O autor é jornalista, é professor titular da USP, consultor político e de comunicação - Twitter@gaudtorquato

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