ANA PAULA HENKEL
No último 9 de novembro, celebramos os 32 anos da queda do Muro de Berlim. Foram 28 anos de histórias inspiradoras e devastadoras de pessoas tentando atravessar a fronteira entre o capitalismo e o socialismo, entre liberdade e encarceramento. Já passamos mais tempo sem o muro do que sua própria existência. Mesmo assim, o fantasma do mal que o ergueu sempre ronda a história contemporânea com uma nova roupagem, e as lições de sua presença permanecem. O que está acontecendo? Não estamos ensinando mais nossos alunos sobre o nefasto período da Guerra Fria? Quem, em sã consciência, não mostraria os terríveis detalhes de uma ideologia que mente, segrega, maltrata e mata pessoas? Diante do que vi em uma pequena amostra nas minhas redes sociais, não custa revisitarmos a história, na esperança de que possamos dar uma pequena contribuição a alguns jovens para que, de alguma maneira, comecem a traçar o quebra-cabeça de que quem compreende o passado protege o futuro.
Foi em 13 de agosto de 1961 que o governo comunista da República Democrática Alemã (GDR ou Alemanha Oriental) começou a construir um muro de arame farpado e concreto chamado de “Antifascistischer Schutzwall”, ou “muro antifascista”, entre Berlim Oriental e Ocidental. O propósito oficial da divisão era impedir que os chamados “fascistas” ocidentais entrassem na Alemanha Oriental e minassem o Estado socialista, mas serviu principalmente ao objetivo de conter as deserções em massa do leste para o oeste.
Quase 200 alemães foram mortos no muro tentando escapar da Alemanha Oriental. Personalidades importantes se manifestaram, como o presidente americano John F. Kennedy no discurso de 1963, “I am a Berliner” (Sou um Berlinense), e Ronald Reagan, no histórico evento no Portão de Brandemburgo em 1987, quando bradou a Mikhail Gorbachev que derrubasse o muro. Pessoas vieram de todo o mundo para protestar contra essa divisão, e o muro tornou-se um símbolo da democracia versus o comunismo.
Silhuetas de berlinenses ocidentais acenando para parentes no lado oriental do muro, em dezembro de 1962
Muitos países dentro da Cortina de Ferro sobreviveram porque conseguiram manter vivas suas tradições, sua soberania conservadora de que ninguém sabe mais do seu futuro e de sua família do que aqueles que estão próximos de nós. As decisões sobre o destino de muitos, na Hungria ou no interior da Polônia, caíram nas mãos de oficiais soviéticos em Moscou. Hoje, as vertentes desse Leviatã podem ser percebidas na sanha de burocratas, na própria União Europeia ou nas Nações Unidas, que querem decidir o que nós, no interior de Minas Gerais, na Bahia ou na Virgínia, podemos fazer.Que lembremos, principalmente diante dos dias quando o desânimo é quase palpável, que, assim como foi com um muro de concreto feito por homens malignos, será também para qualquer muro erguido entre homens de bem.
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